Por Álvaro Campos
Nova York – A rede norte-americana de fast-food Burger King se prepara para abrir, novamente, seu capital. Apenas 18 meses após a problemática companhia ter sido comprada pelo grupo de private equity brasileiro 3G Capital Management, o Burger King projetou um complexo acordo com um veículo de investimento ligado ao gestor de fundos de hedge Bill Ackman para fazer uma oferta pública inicial de ações (IPO, na sigla em inglês).
As partes envolvidas esperam que uma série de mudanças implementadas pelo 3G convençam os investidores de que a rede de fast-food, que tem quase 60 anos, conseguirá dar uma guinada em sua trajetória. O 3G substituiu a gerência do Burger King, cortou custos, demitiu funcionários, reformulou o cardápio e contratou celebridades para aparecer em seus anúncios comerciais nos Estados Unidos. “O Burger King tem uma longa história, mas não tem sido especialmente bem gerenciado durante esse tempo”, disse Ackman nesta quarta-feira em uma teleconferência. “Agora temos essa oportunidade”.
Como parte do plano, o Burger King vai vender uma participação de 29% para a Justice Holdings, uma companhia com ações listadas em Londres, fundada por Ackman e outros investidores, incluindo o bilionário Nicolas Berggruen e Martin Franklin, fundador da Jarden Inc. O 3G vai receber US$ 1,4 bilhão em dinheiro pela venda. As ações da rede de fast-food devem ser listadas na New York Stock Exchange entre 60 e 90 dias, e a Justice vai deixar de existir como uma companhia independente.
Cautela
O histórico do Burger King, no entanto, sugere cautela. A companhia, eterna número 2 no ranking global das redes de fast-food (atrás do McDonald’s), passou por 13 executivos-chefes nos últimos 25 anos. As vendas também estavam em queda antes da compra pelo 3G, especialmente nos EUA, onde a companhia recorreu a descontos que prejudicaram o lucro e não atraíram o interesse dos consumidores. O relacionamento com as franquias que operam as lojas se deteriorou rapidamente.
Agora, o Burger King planeja vender quase todas as suas 1,3 mil lojas para as franquias até o fim do ano, isolando a empresa de oscilações nos preços das commodities e outros custos fixos relacionados à operação dos restaurantes. Segundo Ackman, as franquias são melhores para operar as lojas, já que conhecem mais a fundo os mercados locais. Além disso, o Burger King quer reformar 40% das suas lojas nos EUA nos próximos três anos.
O plano de expansão internacional do Burger King estabelece uma meta de 17 mil lojas até 2016, das atuais 12,5 mil. Esse objetivo deve ser alcançado por meio de joint ventures com parceiros estrangeiros. “Na verdade, em todos os lugares que existe um McDonald’s pode ter um Burger King”, disse Ackman. O McDonald’s tem 33 mil lojas em todo o mundo.
Entre as mudanças no seu cardápio, o Burger King ampliou as opções de saladas, smoothies, wraps, desenvolvidos para atrair mais clientes, após os esforços anteriores da companhia de se focar no público masculino jovem.As informações são da Dow Jones.