Brasil registra déficit cambial de US$ 11,2 bilhões no acumulado do ano
Até agora mais dinheiro saiu do que entrou no país, principalmente no canal financeiro, que engloba investimentos e remessas ao exterior

O Brasil registrou uma saída líquida de US$ 11,2 bilhões no fluxo cambial acumulado no ano até 23 de maio, segundo dados do Banco Central. Isso significa que, no total, mais dinheiro saiu do país do que entrou até agora em 2025.
Essa saída é concentrada principalmente no chamado canal financeiro — que inclui investimentos diretos, compra e venda de ativos, remessa de lucros ao exterior e pagamento de juros. Nesse segmento, o Brasil perdeu quase US$ 30 bilhões até agora. Na última semana analisada, de 19 a 23 de maio, a saída líquida foi de US$ 1,04 bilhão.
Por outro lado, o fluxo comercial, que envolve exportações e importações de bens e serviços, mantém um saldo positivo. Isso significa que o país exportou mais do que importou, especialmente produtos como commodities e bens manufaturados. Em maio, até a terceira semana, o Brasil exportou US$ 5,8 bilhões e importou US$ 4,9 bilhões, gerando um superávit comercial de US$ 949 milhões só na última semana, e um saldo positivo acumulado de US$ 3,1 bilhões no mês. No ano, esse superávit já soma US$ 18,6 bilhões.
Enquanto o setor exportador se beneficia da demanda global relativamente forte e de preços favoráveis, o canal financeiro sofre pressão negativa. Isso ocorre principalmente por fatores externos, como o ambiente de juros elevados nos Estados Unidos — que tornam investimentos em mercados emergentes menos atrativos — e incertezas relacionadas à política comercial internacional, como as tarifas adotadas pelo governo Trump.
Além disso, fatores internos no Brasil, como dúvidas sobre a situação fiscal do país e a falta de avanços em reformas estruturais, também desanimam investidores estrangeiros. Essa combinação de incertezas acaba afastando recursos financeiros que poderiam entrar no país, contribuindo para o saldo negativo no fluxo financeiro.