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Bolsonaro, Ciro ou Lula? As preferências dos caminhoneiros nestas eleições

Líderes da categoria afirmam que poucas promessas foram cumpridas e mesmo divididos tentam garantir alguns direitos em meio à polarização eleitoral

Por Luisa Purchio Atualizado em 15 set 2022, 14h44 - Publicado em 15 set 2022, 09h10

Os caminhoneiros foram uma importante base apoiadora da eleição de Jair Bolsonaro na campanha eleitoral de 2018. À época, o então candidato à Presidência fez acenos à categoria, que depois de ter paralisado o país nas greves durante o governo de Michel Temer pleiteava a redução do valor do diesel, o piso mínimo da tabela de frete e mais pontos de parada para descanso nas estradas. Quatro anos depois, no entanto, a maioria das promessas não foi cumprida e os líderes da categoria, decepcionados, assumem diferentes posicionamentos em relação aos candidatos destas eleições.

Wallace Jardim, mais conhecido como Chorão, é presidente da Associação Nacional dos Condutores de Veículos Autônomos (Abrava), agora licenciado para concorrer ao cargo de deputado federal por São Paulo pelo Partido Social Democrático (PSD). Chorão foi um dos principais líderes da greve de 2018 e apoiou a eleição de Bolsonaro na época, porém, logo mudou o seu posicionamento quando percebeu que muitas pautas não seriam atendidas. A retirada do apoio ao Bolsonaro foi um movimento de grande parte da categoria já no segundo semestre de 2019, após a notícia de que o frete mínimo sofreria redução entre 30% e 50%. Na época, o então ministro da Infraestrutura, Tarcísio de Freitas (hoje candidato ao governo de São Paulo), prometeu dialogar e conciliar os interesses da categoria, mas a categoria afirma que poucos foram de fato atendidos.

Hoje, Chorão afirma que não apoia a reeleição de Bolsonaro ainda que o presidente de seu partido, Gilberto Kassab, indique um caminho diferente com apoio à chapa de Tarcísio em São Paulo. Chorão afirma que os candidatos Ciro Gomes (PDT) e Luiz Inácio Lula da Silva (PT) fizeram acenos mais concretos aos caminhoneiros nesta campanha. “Lula e Ciro se comprometeram a colocar as demandas da categoria no seu plano de governo, o que Bolsonaro não fez em 2018”, disse ele, citando entre elas o fim do Preço de Paridade Internacional (PPI), da Petrobras.

Já Irani Gomes, presidente do Sinditanque de Minas Gerais e candidato ao Senado pelo Partido Renovador Trabalhista Brasileiro (PRTB), está apoiando o governo Bolsonaro apesar de ver na categoria uma descrença geral com a política. “Não sou bolsonarista, mas sou a favor da continuidade do governo”, diz ele. “No meio do transporte rodoviário de carga o pessoal está muito calado, não tem nenhuma condição para nenhum dos dois governos. Me parece que estão insatisfeitos e desacreditados com a política”, diz ele.

Questionado sobre o apoio que os dois governos, tanto do PT quanto de Bolsonaro, fizeram pela categoria, Irani disse que Bolsonaro deixou a desejar, mas zerou o PIS/Cofins temporariamente e reduziu o ICMS, enquanto o governo do PT decepcionou com a “falta de apoio ao piso mínimo do frete e aumento dos combustíveis”, durante o governo Dilma. “O PT teve 16 anos para fazer e o final foi de muito abandono”, diz ele.

Apesar do apoio ao governo atual, Irani está pleiteando a redução dos impostos sobre o óleo diesel e verificando como ficará o preço dos combustíveis com gasolina e etanol, após o fim das isenções a esses combustíveis, em dezembro. “Estamos começando a falar com o governo, mas ainda não nos deram posicionamento. Precisamos que seja uma lei, estamos muito preocupados se essa redução vai se manter apenas no período eleitoral”, diz ele.

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