BCE mantém política monetária inalterada com porta aberta a mais estímulo
Na primeira reunião sob o comando da nova presidente Christine Lagarde, a taxa de juros de depósito permanece na mínima recorde de -0,5%
O Banco Central Europeu deixou inalterada a sua política monetária na primeira reunião sob o comando da nova presidente Christine Lagarde nesta quinta-feira, 12, mantendo aberta a possibilidade de mais estímulo uma vez que a economia da zona do euro continua a sofrer com turbulências globais. Com a decisão, a taxa de depósito do BCE, atualmente sua principal ferramenta, permanece na mínima recorde de -0,50% ao ano, com o banco mantendo a opção de outro corte firmemente na mesa. Também prometeu juros baixos por um período prolongado e manteve em 20 bilhões de euros por mês o ritmo de compras de títulos, com objetivo de reduzir os custos de empréstimos.
A taxa de refinanciamento, que determina o custo do crédito na economia, continua em 0,0% e a taxa de empréstimo foi mantida em 0,25%. Com o crescimento ainda bem abaixo do potencial no bloco e a inflação abaixo da meta, o BCE adotou um novo pacote de estímulo em setembro. Isso significa que a política monetária estará efetivamente no piloto automático pelos próximos meses, dando a Lagarde tempo e espaço para encontrar seu ritmo.
“O Conselho espera que as taxas de juros do BCE permaneçam no nível atual ou mais baixos até que veja que a perspectiva de inflação converge de forma robusta para um nível suficientemente perto mas abaixo de 2% dentro de seu horizonte de projeção, e que tal convergência seja refletida consistentemente na dinâmica do núcleo da inflação”, informou o BCE. O comunicado do banco não se afastou do anterior, sugerindo que Lagarde está confortável com a postura de seu predecessor, Mario Draghi, em relação às objeções de muitas autoridades.
Enquanto o estímulo influencia a economia, Lagarde, que assumiu a instituição financeira mais poderosa da Europa em 1 de novembro, prometeu uma rigorosa avaliação de como o BCE age, analisando questões fundamentais como mudança da meta de inflação e como combater a mudança climática. A revisão, que deve começar no início do próximo ano, acontece no momento em que a política monetária está no piloto automático e os mercados acionários estão tranquilos, permitindo que os bancos centrais avaliem questões de mais longo prazo.
Analistas financeiros avaliam que o BCE não mudará a política monetária durante o próximo ano, visão que é fortalecida pela sinalização do Federal Reserve na quarta-feira de que não deve mexer nos juros em 2020.