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BC destaca ‘assimetria altista’ de inflação e preza por credibilidade

Decisão unânime também mostra alinhamento com a mensagem de que o BC não será leniente com a alta de preços da economia

Por Juliana Machado 18 set 2024, 19h42

Ao decidir elevar a taxa básica de juros no Brasil para 10,75% ao ano, de 10,50% anteriormente, o Comitê de Política Monetária do Banco Central (Copom) mostra comprometimento com a sua credibilidade, após membros da autoridade terem dados sinais importantes nos últimos meses de que esse seria um potencial caminho da política monetária local. Com a decisão, o BC não apenas reforça o compromisso com o controle inflacionário, como cita nominalmente as preocupações com a tendência de preços da economia daqui em diante.

“O Comitê avalia que há uma assimetria altista em seu balanço de riscos para os cenários prospectivos para a inflação”, afirma, no comunicado, em que cita a desancoragem de expectativas e a maior resiliência da inflação de serviços como itens de risco de alta para o cenário inflacionário.

Para Paulo Gala, economista-chefe do Banco Master, o cenário plausível agora é para um pequeno ciclo de alta da Selic no Brasil, levando a taxa a, no máximo, 12% ao ano, taxa esta que já deve ser o suficiente para deixar a inflação “bem perto da meta no começo de 2026”. “É melhor fazer um movimento agora para tentar moderar e estancar a inflação, e não ter que fazer um choque de juros de verdade lá no futuro, levando a Selic a 14%, 15% ou 16%”, afirma, em nota.

A decisão tomada hoje foi unânime, o que também mostra o alinhamento já visto anteriormente entre os diretores do Copom e que é tão importante para passar a mensagem de que o BC não será leniente com a inflação – um tema essencial após a indicação do atual diretor de política monetária do órgão, Gabriel Galípolo, para a presidência no lugar de Roberto Campos Neto. Vale lembrar que esta é a primeira decisão do BC com Galípolo oficializado como nome indicado pelo governo.

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“A decisão foi unânime para evitar ruído e mostra alinhamento forte dos diretores com Roberto Campos Neto, que está na reta final da liderança e com Galípolo como sendo a nova cara do BC”, afirma Hiroshi Ogawa, diretor de mercado de capitais do Scotiabank Brasil, em entrevista a VEJA.

Ogawa também destaca que o BC está combatendo a inflação “em um momento em que as tendências inflacionárias seguem altas” – como a própria autoridade deixou claro no comunicado. “Enquanto persistir a situação de não estar tendo convergência para 3%, e sim indo a 4% e 4,5% ao ano, vamos continuar nessa situação de ‘dependência de dados’ citada pelo BC, com chance de seguir com altas da Selic.”

A decisão de hoje também tem efeitos potenciais importantes sobre o câmbio. Cristiane Quartaroli, economista-chefe do Ouribank, destaca que a alta dos juros aqui no Brasil somada à queda dos juros nos EUA, anunciada hoje, faz com que o diferencial de juros (“carry trade”) aumente. “Isso, em tese, é positivo para o câmbio”, diz, em comentário, em que reforça que parte desse movimento já foi precificado.

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