BC avalia que tragédia no RS deve impactar em expectativas do mercado
Temporais já deixaram 83 mortos no estado; tragédia tem efeitos na agricultura, comércio, entre outros, que podem afetar a atividade do estado e do país
O Banco Central avalia que a tragédia no Rio Grande do Sul pode ter impactos na economia. O chefe do Departamento de Estatísticas da instituição, Fernando Rocha, afirmou nesta segunda-feira, 6, que as chuvas devem afetar a economia gaúcha e também devem mexer nas projeções contidas no boletim Focus nas próximas semanas.
“Quando a gente olha em termos de projeção, esse desastre tem impactos na safra agrícola, no comércio, nas vendas, no emprego, no conjunto da atividade econômica do Rio Grande do Sul e por conta disso de todo o país”, disse Rocha durante live do BC sobre o boletim Focus.
O estado gaúcho é o maior produtor de arroz do país, responsável por 70% da produção. Uma quebra nesta safra, por exemplo, pode mexer no preço do produto e influenciar na inflação do país — ou seja, o efeito não é só local, é nacional.
A tragédia no Rio Grande do Sul foi usada pelo porta-voz do BC para mostrar como imprevistos podem alterar as tendências esperadas para a economia. “Esse é um exemplo concreto, atual, doloroso, mas é um exemplo de eventos que ocorrem no período em que estão acontecendo as projeções”, afirmou.
O boletim Focus é divulgado semanalmente trazendo a evolução gráfica e o comportamento das projeções para índices de preços, atividade econômica, câmbio, taxa Selic, entre outros indicadores. Nesta semana, as estimativas coletadas até a última sexta-feira estima um avanço de 2,05% do PIB, 3,72% para o IPCA e 9,63% para a taxa Selic.
Chuvas
O total de mortes pelas fortes chuvas que atingem o Rio Grande do Sul chegou a 83 nesta segunda-feira segundo boletim divulgado pela Defesa Civil estadual. Desde a última terça-feira, 30, quase 130 mil pessoas ficaram desalojadas, 291 estão feridas e outras 111, desaparecidas.
Dos 364 municípios afetados pelos temporais, 38 registraram vítimas fatais na última semana. O cenário mais grave ocorre em Cruzeiro do Sul, com oito mortes confirmadas, seguido por Gramado, com sete. Caxias do Sul, Lajeado, Santa Maria e Veranópolis tiveram cinco óbitos cada um, enquanto Bento Gonçalves e Venâncio Aires relataram três mortes cada um.