Banco da Amazônia registra lucro recorde e mira COP30
Instituição financeira registrou lucro líquido recorde de 1,3 bilhão de reais em 2023; COP30 deve impulsionar novos negócios na região

O Banco da Amazônia, administrado pela União, divulgou nesta quinta-feira, 14, o balanço consolidado de 2023 com lucro líquido recorde de 1,3 bilhão de reais. O valor representa um aumento de 20% em comparação ao ano anterior, que já tinha sido recorde, ao registrar lucro de 1,1 bilhão de reais.
“O resultado é reflexo de um crescimento constante e consistente”, diz à VEJA o presidente da instituição, Luiz Lessa.
Em 2023, a entidade registrou 6 bilhões de reais de patrimônio, o que representa aumento de 21,5% em comparação ao ano anterior. O retorno sobre capital também registrou alta de 25%. A carteira de crédito do Banco da Amazônia, com 51 bilhões de reais, cresceu mais de 8%, acima da média de mercado, que foi ao redor de 5%.
O carro-chefe da instituição é a oferta de linhas de crédito para micro e pequenos empreendedores. Nesse tipo de operação, a inadimplência roda ao redor de 3,3%. No Banco da Amazônia esse valor ficou ao redor de 2%. Ou seja: o retorno de capital é mais assertivo que a média do mercado. “Temos uma política de crédito que combina sustentabilidade. Não financiamos abertura de novas áreas. Apenas clientes tradicionais”, explica Lessa. “Os setores de infraestrutura de transporte, saneamento e transição energética são bem consolidados, o risco é menor”.
Da carteira de crédito, 6 bilhões de reais foi para micro e pequenos negócios; 7 bilhões de reais para investimentos em linha verde; e 9 bilhões em projetos localizados em municípios com baixo IDH. “Damos condição para que o microempreendedor cresça, dando orientação para o manejo do cultivo, produção e condições de venda”, diz. “Pegamos na mão do pequeno produtor, acompanhando toda a cadeia. Por isso o retorno é menos arriscado”.
Lessa tomou posse como presidente do Banco da Amazônia no início de junho do ano passado com a missão de corrigir rotas. Apesar do resultado expressivo registrado em 2022, a instituição tinha algumas deficiências operacionais e baixo investimento em tecnologia. “Tínhamos que melhorar a capacidade de encontrar bons negócios”, diz.

Para os próximos anos, o banco pretende investir em seguridade e meios de pagamento — cartão, adquirência e recebíveis. “As possibilidades são robustas”, prossegue Lessa. O setor de seguridade, por exemplo, representa entre 10 a 20% do resultado operacional de grandes bancos. No Banco da Amazônia, essa fatia é de apenas 2%.
Meio Ambiente
O foco é também na COP30 (Conferência da ONU sobre Mudanças Climáticas) de 2025, que deve impulsionar negócios. O Banco da Amazônia está dialogando com entidades financeiras internacionais sobre fundos de investimento para o desenvolvimento da região amazônica. O evento será realizado em Belém (PA). “Nosso foco são projetos de saneamento, transmissão de energia e transição energética”, diz Lessa. “Também temos linhas de crédito específicas para atender ao setor turístico da região e, na COP30, vamos apresentar cases de sucesso do banco”.
Um desafio adicional para este ano é a queda progressiva da taxa Selic, atualmente em 11,25% ao ano. Esse fato, apesar de bom para a economia, é ruim para uma instituição de crédito como o Banco da Amazônia. “Esse fato pressiona a Tesouraria, mas esperamos compensar no volume de crédito oferecido ao mercado, incrementando com carteira própria”, revela Lessa. “Entre Selic caindo e novas oportunidades de crescimento, escolhemos sempre a segunda opção”.