Banco Central nega articulação para censurar entrevistas de diretores
Indicação de Gabriel Galípolo como diretor de Política Monetária esquentou o clima no Banco Central
O Banco Central veio a público no início da noite desta quarta-feira, 19, para negar que haja censura na instituição. Em nota, a autoridade monetária disse que “não existe e jamais existirá censura ou cerceamento de qualquer espécie à livre manifestação dos dirigentes do BC”. O comunicado vem após revelação de um documento de circulação interna da autoridade monetária que sugere que “assuntos afetos à comunicação com os órgãos de imprensa fiquem subordinados diretamente ao presidente do BC” — e circulou após a chegada de Gabriel Galípolo, indicado do presidente Luiz Inácio Lula da Silva para assumir a cadeira de política monetária. A revelação foi feita pelo jornal Folha de S. Paulo.
A posição de Galípolo, como ex-secretário-executivo do Ministério da Fazenda, é pelo início imediato do corte de juros, em 13,75%, o que deve ocorrer na próxima reunião do Comitê de Política Monetária (Copom), em agosto. Como a posição de Galípolo é conflitante com a de Roberto Campos Neto, publicizou-se a normativa: ninguém fala com a imprensa sem autorização prévia do presidente do BC.
Em nota, a entidade nega qualquer tipo de controle: “Todo dirigente do BC tem pleno direito de expressar livremente suas opiniões nos canais que considerar adequados, sem necessidade de quaisquer autorização ou aprovação prévias”.
Às turras com Campos Neto, Galípolo almoçou nesta tarde com Haddad, com quem ele se encontrou também na noite da terça-feira 18. Oficialmente, o BC informou que as duas agendas se destinaram a “tratar de assuntos governamentais”. À imprensa, Haddad se limitou a dizer que Galípolo vai gerar “uma interação maior” entre as equipes da Fazenda e do Banco Central. “O objetivo é aproximar as equipes, a gente ter uma interação maior, trocar informações”, afirmou nesta tarde.