Banco Central busca se aproximar dos setores não financeiros da economia
Com piloto publicado nesta segunda, pesquisa Firmus consulta expectativas econômicas de empresas da economia real

Com a Pesquisa Firmus, que teve sua primeira edição publicada nesta segunda-feira, 12, o Banco Central buscará se aproximar das empresas do setor não financeiro. “A gente captura muita informação nessa conversas, entende quais setores andam mais dinâmicos ou não, quais são as maiores reclamações”, disse Diogo Guillen, diretor de política econômica do BC, em live no canal do Youtube da instituição.
“Irmã” da Pesquisa Focus, tradicional relatório que compila as expectativas econômicas de instituições do mercado financeiro, a Firmus está em etapa piloto desde o fim do ano passado. A nova pesquisa pesquisa será publicada trimestralmente e focará nas empresas da chamada “economia real” – que envolve a produção de bens e serviços concretos, como agronegócio e indústria. “Se a gente consegue saber qual as expectativas das empresas que vão definir os preços aos consumidores, ajuda muito na condução da nossa política monetária”, afirmou Guillen.
Ela não é idênticas ao Focus, já que busca se adequar aos interesses do público-alvo. Enquanto o Focus faz perguntas apenas sobre o cenário macroeconômico, a Firmus questiona as expectativas de desempenho das companhias, custos de mão de obra e demanda por produtos.
Outra diferença é o nível de detalhe das questões macroeconômicas: o Focus explora a fundo as projeções do mercado com perguntas sobre Selic, PIB, inflação e câmbio; já a Firmus se limita às projeções de inflação e PIB. Além disso, ela traz também questionamentos de caráter qualitativo – ao contrário do Focus, que é puramente quantitativo.
Guillen afirma que o BC vem aprimorando as perguntas e pretende aumentar sua base de companhias consultadas, apesar de não pretender alcançar uma amostra representativa por ora. “A gente não tem a pretensão ter uma amostra estatística fiel de todas empresas, nós vamos aumentando a amostra aos poucos”, disse.
Pessimismo maior
A primeira edição da Firmus mostrou que as empresas da economia real parecem mais pessimistas que o mercado financeiro em relação ao futuro da inflação do país. Em maio, mês da coleta dos dados, as empresas previam um IPCA em 4% ao final de 2024. No mesmo período, a pesquisa Focus indicava inflação de 3,89% em 2024.
Para 2025 e 2026, a pesquisa Firmus apontou IPCA de 4% e de 3,70%, respectivamente. No Focus, as expectativas eram de 3,77% para 2025 e de 3,60% para 2026.