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Argentina ‘bate golaço’ e rivaliza com Brasil no mercado financeiro

O S&P Merval subiu 114,91% em dólares, liderando os ganhos globais, superando EUA, Ásia e vencendo o Brasil, que registrou queda de 29,92%

Por Luana Zanobia Materia seguir SEGUIR Materia seguir SEGUINDO Atualizado em 3 jan 2025, 07h21 - Publicado em 2 jan 2025, 16h25

A bolsa argentina superou as expectativas em 2024, deixando para trás até mesmo o Brasil, considerado o país mais estável e seguro para investimentos da América Latina. O rival nos campos de futebol agora também compete no mercado financeiro. O índice S&P Merval, principal referência do mercado de ações na Argentina, encerrou o ano com uma valorização de 114,91% em dólares, o que não só o colocou no topo dos ganhos globais, mas também ofuscou o desempenho de grandes mercados desenvolvidos, como os Estados Unidos e China.

A façanha argentina, em um cenário de instabilidade política e econômica, surpreende, especialmente quando comparada à queda de 29,92% do Ibovespa em dólares, que amargou o pior desempenho entre os 21 índices analisados pela consultoria Elos Ayta. Em meio à crise interna e ao caos político, o Merval saiu vitorioso, enquanto o Ibovespa ficou relegado à posição de espectador.

A Argentina, liderada pelo controverso presidente Javier Milei, mostrou ao Brasil que, pelo menos em 2024, o jogo dos mercados foi vencido por quem menos se esperava. As promessas radicais de Milei, que incluíam a dolarização da economia, criaram um ambiente de incertezas, mas não impediram a valorização da bolsa local. Mesmo após uma maxidesvalorização do peso em seu primeiro mês de mandato — uma queda de 114% na cotação oficial da moeda argentina — o governo optou por implementar o chamado crawling peg. Esse mecanismo de ajustes pequenos e programados da cotação do dólar, em torno de 2% ao mês, ajudou a estabilizar a moeda. O peso, ainda que fortemente depreciado, terminou o ano mais valorizado em relação ao dólar, e, com isso, o mercado de ações argentino se beneficiou. O resultado foi uma valorização tão expressiva que colocou a Argentina à frente de economias sólidas como a dos Estados Unidos e da China. O avanço do Merval, além de ultrapassar o Ibovespa, superou até índices americanos como o Nasdaq (+28,64%) e o S&P 500 (+23,31%), além de índices chineses como o FTSE China 50 (+23,29%).

Enquanto a Argentina colhia os louros da valorização do Merval, o Brasil sofreu as consequências da alta do dólar. A moeda americana valorizou-se 27,91% frente ao real, uma das maiores altas dos últimos anos, o que pressionou ainda mais a performance do Ibovespa. Para os investidores estrangeiros, o Brasil se tornou um mercado menos atraente, à medida que a conversão de lucros para o dólar se tornou menos favorável. A desvalorização do real minou os retornos dos ativos brasileiros, agravando a queda já acentuada da bolsa local. Esse fator foi determinante para que o Ibovespa se tornasse o pior entre os principais índices globais, afundando ao lado de outros mercados latino-americanos, como o México e o Chile.

As medidas econômicas de Milei, por mais instáveis que pareçam, acabaram fortalecendo a bolsa local, enquanto no Brasil, a valorização do dólar e a falta de medidas estruturais eficazes minaram o mercado de ações. Para o investidor global, 2024 foi o ano em que a Argentina venceu o Brasil, não apenas nos campos, mas também no mercado financeiro.

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