Apreensão com falta de caminhoneiros faz governo britânico liberar vistos
Governo liberou 5 mil vistos temporários para estrangeiros, enviou carta de apelo a profissionais parados e convocou até o Ministério da Defesa
A escassez de aproximadamente 100 mil caminhoneiros no Reino Unido, causada pela Covid-19 e pelo aumento da burocracia para profissionais de outros países atuarem na região após o Brexit, levou o governo britânico a anunciar uma série de medidas para suprir esta falta de motoristas e, principalmente, evitar que o esgotamento dos combustíveis nos postos de gasolina e a interrupção no fornecimento de mercadorias para supermercados se agravem ainda mais.
No sábado, 25, o governo do primeiro-ministro do Reino Unido, Boris Johnson, anunciou a concessão de 5 mil vistos temporários para profissionais de outros países poderem atuar na região. O comunicado foi feito pelo Departamento Britânico de Transporte, que detalhou a concessão para motoristas de caminhões-tanque e caminhões de alimentos por três meses com objetivo de aliviar a situação na região pelo menos até o Natal.
Além disso, foram enviadas cartas para os profissionais que possuem habilitação mas que não estão trabalhando. Foi anunciado ainda um novo programa para capacitação de profissionais que envolverá até o Ministério da Defesa. Trata-se de uma iniciativa que contará com 10 milhões de euros de investimento em novas áreas de treinamento para capacitar gratuitamente até 3 mil motoristas nas categorias C e E. Ademais, o projeto envolverá a formação de 1.000 motoristas por meio de um programa de educação de adultos, e os Examinadores de Direção de Defesa (DDEs) do Ministério da Defesa vão contribuir com a avaliação dos condutores. Há, ainda, concessão de 5.500 vistos para avicultores para amenizar a crise de abastecimento alimentar.
Esta é a gota d’água de uma escassez de mercadorias que atinge a região há meses após a cisão com a União Europeia — antes, os cidadãos dos países do bloco podiam circular livremente entre uma nação e outra, sob as regras econômicas do bloco. Com essa crise altamente impopular, o governo está sendo questionado sobre a rigidez das normas de circulação dos caminhoneiros nas fronteiras, além da demora em propor soluções. Como outros países da Europa também enfrentam escassez de motoristas, a efetividade das medidas recém anunciadas ainda geram dúvidas.