Apple, Ford e Barbie: os prejuízos que Trump já causa às empresas americanas
Ícones do capitalismo americano estimam impactos que podem chegar a cifras bilionárias

Grandes empresas americanas já sentem os efeitos da política comercial protecionista de Donald Trump, estimam prejuízos e traçam estratégias para atenuá-los. As companhias mais afetadas são as que concentram parte significativa de sua produção no continente asiático, especialmente na China — principal alvo da guerra comercial travada por Trump –, de modo que o setor privado corre para alterar cadeias de produção em velocidade recorde.
O presidente da Apple, Tim Cook, disse a investidores na última sexta-feira, 2, que a empresa deve registar um aumento de 900 milhões de dólares (equivalentes a mais de 5 bilhões de reais) em seus custos de produção no segundo trimestre de 2025 em decorrência das tarifas de Trump. A gigante de tecnologia tenta transacionar a produção do iPhone, seu principal produto, da China para a Índia a fim de reduzir os encargos de importação cobrados pelo governo dos Estados Unidos. Trump isentou eletrônicos que contêm semicondutores, como é o caso de smartphones, das chamadas “tarifas de reciprocidade” anunciadas no início de abril, mas ainda cobrar tarifas generalizadas de produtos vindos da China.
A Mattel, fabricante de brinquedos como a boneca Barbie, anunciou que alguns de seus produtos vão ficar mais caros nos Estados Unidos por conta da nova política comercial da Casa Branca. A trajetória das vendas da Mattel nos Estados Unidos é “difícil de prever”, segundo um comunicado da companhia a investidores, dada a incerteza em volta das tarifas de importação. Em paralelo, a empresa se soma à lista das que querem diversificar sua produção para além da China. Atualmente, cerca de 20% dos brinquedos da Mattel vendidos nos EUA são produzidos na China, mas a empresa espera reduzir esse percentual para menos de 15% até 2026 para evitar as tarifas mais elevadas.
Já a montadora Ford, uma das maiores do mercado americano, disse que o tarifaço terá um impacto negativo de 1,5 bilhão de dólares — cerca de 8,5 bilhões de reais — em seu negócio apenas em 2025. A previsão inicial era de um impacto de 2,5 bilhões de dólares, mas a empresa afirma que está tomando uma série de medidas para atenuar as perdas. O setor automotivo é um dos principais alvos de Trump com sua política tarifária, que tem como um dos seus objetivos trazer a produção de carros de volta para os EUA. A Ford está evitando a divulgação de estimativas de resultados financeiros para este ano em meio à incerteza geopolítica causada pela Casa Branca — fato que desagrada investidores em busca de segurança.
Alguns produtos fabricados na China podem chegar nos Estados Unidos com tarifas de até 245% quando incluídas as “tarifas de reciprocidade” e todos os demais encargos comerciais anunciados por Trump. Outros países asiáticos, como Vietnã, Indonésia e Malásia, também são prejudicados pelo tarifaço de Trump, mas vão pagar alíquotas de importação consideravelmente menores — a taxa será de 46% no caso do Vietnã, por exemplo — além disso, a cobrança sobre esses e outros países foi adiada em 90 dias, diferente do que ocorre com a China.