Só 15 de 93 ações têm retorno positivo desde IPO na bolsa
Dos papéis que chegaram à B3 nos últimos 10 anos, 84 seguem listados, mas poucos dão retorno ao investidor, mostra levantamento da Seneca Evercore
Entre 93 papéis de empresas que fizeram abertura de capital nos últimos dez anos, um total de 84 segue listado na bolsa de valores, apenas 15 estão com desempenho positivo em relação ao preço fixado na oferta inicial de ações (IPO, na sigla em inglês). É o que mostra levantamento da assessoria financeira Seneca Evercore divulgado por VEJA.
Segundo a pesquisa, somente 8 ações tiveram performance acima do Ibovespa, índice de referência para medir o desempenho do mercado acionário: Ambipar, Cury, Orizon, Caixa Seguridade, Plano & Plano, Wilson Sons, PetroReconcavo e Grupo GPS. Além disso, o estudo mostra que, considerando o preço da ação fixado no IPO corrigido pelo Certificado de Depósito Interbancário (CDI) do período — uma medida do quanto valeu a pena aceitar o risco de investir nas ações –, somente 3 companhias têm retorno positivo ante a estreia na bolsa: a empresa de gestão ambiental Ambipar, a construtora Cury e a companhia de tratamento de resíduos ambientais Orizon.
Em linhas gerais, o estudo mostra que empresas mais sensíveis aos juros mais altos sofreram mais no decorrer do período, caso dos setores de tecnologia, imobiliário e varejo. “O impacto do juro alto nos setores imobiliário e varejo se deve principalmente à redução da demanda ocasionada pela restrição do acesso ao crédito pela população e à redução na liquidez ao mercado”, diz o relatório que acompanha o levantamento.
Para o setor de tecnologia, o reflexo se dá pela alta da chamada taxa de desconto, usada para calcular o valor presente de uma ação e que representa os fluxos de caixa futuros esperados para a empresa, “descontados” por uma taxa que representa o preço do dinheiro no tempo. “No geral, as empresas de tecnologia possuem a geração de fluxo de caixa mais concentrada no longo prazo e, por essa razão, quando é trazida a valor presente, é mais impactada do que empresas de outros setores que possuem a geração de caixa bem distribuída no curto e médio prazo”, afirma o escritório.
De 2014 a 2024, as ofertas das 93 ações se concentraram principalmente em 2021, quando houve 42 IPOs. De lá para cá, as 9 empresas que saíram da bolsa migraram para fora, caso do Banco Inter, que se listou na bolsa americana Nasdaq, ou foram deslistadas porque as empresas foram adquiridas ou passaram por fusões.