Antonio Filosa, novo presidente global da Stellantis, chefiou a montadora no Brasil
Executivo que atuou durante quase três anos no Brasil como presidente da empresa na América do Sul terá o desafio de recuperar vendas e lucros nos EUA e Europa

Em março deste ano, em visita ao Brasil, John Elkann, chairman da Stellantis, concedeu uma entrevista a um pequeno grupo de jornalistas. Herdeiro da família Agnelli, fundadora da Fiat, Elkann acumulava provisoriamente a presidência executiva do grupo desde a saída de Carlos Tavares, no final do ano passado, em meio a preocupações com a queda nas vendas e reclamações de consumidores nos Estados Unidos.
Além de tomar pé da situação e iniciar a correção de rumo, Elkann estava preparando o terreno para a escolha de um novo CEO. A reportagem de VEJA NEGÓCIOS perguntou a ele se o seu sucessor se encontrava naquela sala. Ao seu lado estava o italiano Antonio Filosa, diretor executivo da Stellantis para as Américas que já havia chefiado as operações da empresa para a América do Sul, a partir do Brasil, entre 2021 e 2023. Filosa não mexeu um único músculo do rosto. Manteve-se impassível diante da pergunta impertinente, olhando para o vazio. Seu chefe, porém, titubeou e respondeu vagamente: “Olha, tem muita gente muito boa nesta sala, então…”
Filosa estava claramente em período de teste. O comando norte-americano da Stellantis, quarta maior empresa automobilística do mundo em volume de vendas, era o posto mais sensível que se poderia ocupar. Não só pelos resultados insatisfatórios que o grupo vinha registrando nos Estados Unidos, mas também por causa do desafio político de lidar com a administração de Donald Trump, que passou os últimos meses anunciando e depois voltando atrás em políticas desastrosas para a indústria de automóveis, como o aumento na cobrança de tarifas de importação sobre carros e autopeças.
Nesta quarta-feira, 28, ficou comprovado que Filosa passou na prova de fogo. Ele foi escolhido para ser o novo presidente global da empresa “após um rigoroso processo de seleção de candidatos internos e externos, conduzido por um Comitê Especial do Conselho, liderado pelo Executive Chairman John Elkann”, segundo nota divulgada pela Stellantis. Ele foi selecionado por “sua compreensão profunda da nossa empresa, suas habilidades operacionais e amplo conhecimento do setor”, afirmou Elkann em carta aos funcionários.
Aos 51 anos, nascido em Nápoles e fluente em inglês e português, Filosa enfrentará grandes desafios não só nos Estados Unidos, mas também na Europa, onde a produção está em queda, e em todo mundo por conta da concorrência dos carros elétricos chineses. O Brasil, onde a empresa mantém-se na liderança, é considerado por Elkann um modelo do que pode dar certo.