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Antes da pandemia, indústria brasileira encolheu por seis anos seguidos

Setor encerrou o ano com 306 mil empresas, seguindo a tendência que vem desde 2014; De 2013, último ano de avanço, a 2019, são 28 mil companhias fechadas

Por Larissa Quintino Materia seguir SEGUIR Materia seguir SEGUINDO Atualizado em 21 jul 2021, 14h42 - Publicado em 21 jul 2021, 10h49

O número de empresas da indústria brasileira chegou em 2019 ao sexto ano consecutivo de encolhimento. Os dados foram divulgados pelo Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE) nesta quarta-feira, 21, mostram que o setor, mesmo antes da pandemia da Covid-19, passava por uma grande desaceleração. Segundo os dados, em 2019, o setor somou 306,3 mil companhias, uma redução de 8,5% em relação a 2013, pico da série histórica e último ano de crescimento, quando tinha 335 mil. Esse resultado foi puxado, sobretudo, pela indústria de transformação, que sozinha detém 97,9% do setor, e fechou 28 mil empresas em seis anos.

A desaceleração da indústria tem impacto direto nos empregos. O contingente de pessoas ocupadas na indústria diminuiu 15,6%, passando de 9,0 milhões em 2013 para 7,6 milhões em 2019, com redução de 14,8% dos postos de trabalho nas indústrias extrativas e 15,6% nas indústrias de transformação, de acordo com a Pesquisa Industrial Anual (PIA). O setor industrial é um importante empregador porque oferece ocupações mais qualificadas e com salários mais altos. A média de salários da indústria em 2019 foi de 3,2 salários mínimos (por volta de 3.200 reais mensais), 37% maior que a média de rendimentos geral do mercado de trabalho, que foi de 2.330 reais mensais no ano.

Desempenho

Em dez anos, a atividade que mais fechou empresas na indústria de transformação foi a preparação de couros e fabricação de artefatos de couro, artigos para viagem e calçados (-36,2%), seguida pela fabricação de produtos farmoquímicos e farmacêuticos (-21,7%) e a metalurgia (-20,1%). Na indústria extrativa, a maior redução ocorreu na extração de carvão mineral (-46,2%).

Já a mão de obra teve crescimento em somente oito das 24 atividades da indústria de transformação no período de 2010 a 2019, com destaque para a fabricação de coque, de produtos derivados do petróleo e de biocombustíveis (51,3%). As maiores quedas ocorreram na fabricação de outros equipamentos de transporte, exceto veículos automotores (-27,7%) e na fabricação de equipamentos de informática, produtos eletrônicos e ópticos (-27,5%).

Nas indústrias extrativas, a extração de petróleo e gás natural quase quintuplicou a mão de obra ocupada em dez anos. Isso reflete o ganho de participação das unidades locais desse tipo de negócio na geração de valor da indústria como um todo. Unidade local é onde se desenvolvem as atividades econômicas de uma empresa. Em dez anos, o aumento foi de 3,5 pontos percentuais (p.p.), passando de 11,7% em 2010 para 15,2% em 2019, o que representa o maior valor nesse período. Em um ano, o aumento foi 0,6 p.p. “Tivemos um grande avanço na atividade de petróleo e gás natural com a exploração das reservas do pré-sal. Em uma década, o segmento aumentou sua parcela em 3,4 p.p. e registrou 7,2% do valor de transformação de toda a indústria”, acrescentou a gerente da pesquisa, Synthia Santana.

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Já nas indústrias de transformação a redução na participação vem da perda de dinamismo do setor de fabricação de veículos automotores, reboques e carrocerias (de 6,2%), cuja redução em 3,8 p.p. foi a maior do setor entre 2010 e 2019. Com isso a atividade caiu da 3ª para a 6ª posição no ranking dos segmentos com os maiores valores de transformação da indústria. O setor gerou 1,4 trilhão de reais, em valor da transformação industrial em 2019, que é a diferença entre o valor bruto da produção  (3,3 trilhões de reais) e os custos das operações industriais (1,9 trilhão de reais).

Apesar do número de empresas e de ocupação na indústria ter encolhido, o faturamento do setor continuou crescendo, chegando a 3,6 trilhões de reais em 2019.  Destaca-se a extração de petróleo e gás natural, que nesse período aumentou a sua participação em 1,6 p.p. e alcançou 1,7% do faturamento industrial total. A atividade extrativa mais relevante, contudo, foi a extração de minerais metálicos, que concentrou 3,6% da indústria nacional como um todo.

Entre as atividades das indústrias de transformação, por sua vez, destaca-se a fabricação de produtos alimentícios (20,5%), que se consolidou como a atividade com a maior parcela de faturamento na série de dez anos, e a que mais avançou no período, perfazendo um ganho de participação de 3,3 p.p. nesse período. Já a fabricação de veículos automotores, reboques e carrocerias teve a maior perda de representatividade na indústria (3,1 p.p.), passando da 2º para a 4ª posição no ranking, e concentrando 9,2% do faturamento total da indústria em 2019. “Esse declínio na indústria automobilística decorre de sucessivas crises no setor, com impactos regionais importantes, já que algumas plantas industriais foram transferidas para outras regiões mais atrativas ou foram totalmente fechadas. Mesmo com políticas contracíclicas, como a redução do IPI, algumas montadoras não resistiram”, explica Santana.

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