Ajuda às nações pobres cai pela 1ª vez em 14 anos
Segundo a OCDE, a crise econômica global fez com que a ajuda aos países em desenvolvimento recuasse 2,7% em 2011, para 133,5 bilhões de euros
A crise econômica internacional, que afeta sobretudo os países desenvolvidos da Europa, fez com que a ajuda capitaneada pela Organização para a Cooperação e Desenvolvimento Econômico (OCDE) para as nações pobres caísse 2,7% em 2011, para 133,5 bilhões de euros. Trata-se do primeiro declínio desde 1997 nas transferências realizadas pelo chamado ‘clube dos ricos’, informou nesta quarta-feira o órgão com sede em Paris.
A Espanha, com redução de 32,7%, e a Grécia, com queda de 39,3%, foram os países que mais diminuíram sua ajuda à OCDE, em ambos como consequência dos cortes aplicados como resultado da crise econômica.
O país que mais contribuiu em termos absolutos foram os Estados Unidos, com uma verba de 30,7 bilhões de dólares, embora em termos relativos sua ajuda tenha diminuído 0,9% em relação a 2010.
A Turquia, por outro lado, foi o país que mais aumentou sua ajuda em 2011, com alta de 38,2%.
A surpresa veio da Itália, também mergulhada em uma crise econômica e cuja contribuição deu um salto de 33%. Segundo a entidade, o desempenho se explica pelo fato de que houve “aumento dos perdões de dívida e aumento das chegadas de refugiados provenientes do norte da África”.
O secretário-geral do organismo, o mexicano Ángel Gurría, elogiou os países que mantêm seus compromissos, apesar dos duros planos de consolidação fiscal. Na avaliação dele, essas nações mostram que a crise não deve ser usada como desculpa para reduzir as contribuições.
A cooperação ao desenvolvimento não é a única via financeira de ajuda aos países mais desfavorecidos. “Estes duros tempos de crise significam também menos investimentos e menos exportações”, lamentou Gurría.
Variações – Entre os países que aumentaram sua contribuição estão Israel (14,9%), Nova Zelândia (10,7%), Suécia (10,5%), Suíça (13,2%), Alemanha (5,9%) e Coreia do Sul (5,8 %), enquanto entre os que mais cortaram sua contribuição aparecem Japão (10,8%), Noruega (8,3%), Islândia (18,2%), Áustria (14,3%), Bélgica (13,3%), França (5,6%) e Luxemburgo (5,4%).
“Os contínuos ajustes dos orçamentos dos países da OCDE exercerão pressão sobre os níveis de ajuda nos próximos anos”, destacou a OCDE, lembrando que o objetivo das Nações Unidas é que a ajuda ao desenvolvimento dos países ricos alcance 0,7% de seu Produto Interno Bruto (PIB).
Os países que em 2011 superaram essa marca foram Dinamarca, Luxemburgo, Holanda, Noruega e Suécia, enquanto ficaram abaixo Grécia, Itália, Japão e Coreia, entre os grandes doadores, e República Tcheca, Estônia, Hungria Israel e Polônia, entre os menores contribuintes.
A ajuda destinada pelos 27 membros da União Europeia (UE) representou 54% do total e alcançou os 73,6 bilhões de dólares, 0,42% de seu PNB, contra 0,44% registrado em 2010. Por regiões, e segundo os dados preliminares da OCDE, a maior parte da ajuda recaiu na Ásia (38,65 bilhões de dólares), seguida da África (38 bilhões de dólares) e América (9,9 bilhões de dólares).
(Com agência EFE)