“Agências são um peso morto”, afirma presidente do Banco Inter
João Vitor Menin diz que não vê futuro no modelo consagrado pelos bancos tradicionais
Qual é a visão de negócios do Banco Inter? Hoje não nos consideramos um banco. Quem focar apenas em ser um banco digital vai ficar para trás. Queremos levar produtos e serviços financeiros e não financeiros ao maior número de brasileiros, com comodidade, boa experiência e preços baixos.
Como é possível ter custos baixos? Por que um banco precisa ter 5 000 agências? A pandemia mostrou: não precisa. Agências são um peso morto. Temos uma estrutura mais enxuta que a dos bancos tradicionais, e isso chega ao consumidor.
Dá para ganhar dinheiro com esse modelo? Nossa maior receita ainda vem da oferta de crédito, mas temos também mais 100 produtos disponíveis, como câmbio, cartão de crédito, previdência, investimentos. No nosso aplicativo, a pessoa pode colocar carga no celular, comprar um seguro, passagem de avião ou um tênis.
O senhor vê os grandes bancos como concorrentes? Não. Já foram, e cada vez mais deixarão de ser.
Por quê? Cerca de 85% dos nossos clientes vêm de grandes bancos. Eles cobram muito, entregam serviços ruins e têm um modelo de negócio antagônico ao nosso. Com o tempo, as pessoas vão preferir cada vez mais as plataformas digitais.
Os grandes bancos não podem se adaptar à nova realidade? Sim, mas eles querem fazer isso e vão fazer isso? Não sei. Não vejo futuro nos bancos tradicionais.
Eles vão acabar? Não disse isso. Há pessoas muito competentes no comando desses bancos. Mas, na forma como atuam, os modelos digitais deles não têm sucesso.
Publicado em VEJA de 14 de outubro de 2020, edição nº 2708