Acordo Mercosul-UE perde força com ascensão da extrema direita na Europa
A UE é o segundo maior parceiro do Brasil, mas a ascensão da ultradireita pode fortalecer o protecionismo

Em viagem à Italia na última semana, o ministro da Fazenda, Fernando Haddad, ressuscitou a vontade do governo em avançar nas negociações para um acordo de livre comércio entre Brasil e União Europeia, um tema que há décadas permanece em discussão. A movimentação, no entanto, perde força no cenário do bloco europeu, que vive um avanço da extrema direita nas cadeiras no parlamento europeu.
A União Europeia é o segundo maior parceiro comercial do Brasil, mas a ascensão da ultradireita na Europa pode fortalecer políticas protecionistas, o que significa um bloco mais fechado comercialmente, prejudicando as exportações brasileiras. Isso pode levar a uma maior resistência contra o acordo comercial com o Brasil, considerando que a extrema direita é nacionalista e tende a adotar medidas que protejam as indústrias locais contra a concorrência estrangeira.
Nesse contexto, as negociações de acordos comerciais, como o entre a UE e o Mercosul, que ainda estão pendentes de ratificação, tornam-se ainda mais desafiadoras. A perspectiva era otimista quando Lula assumiu a presidência, especialmente após o governo Bolsonaro ter sido criticado pelo descaso ambiental, um grande obstáculo para os países europeus. No entanto, Lula acabou levantando alguns obstáculos, principalmente em relação às compras governamentais.
Apesar dos obstáculos impostos por Lula, o acordo tende a ser vantajoso para o país, especialmente para o governo que precisa melhorar o déficit fiscal. É importante lembrar que as exportações ajudaram o país em alguns anos a fechar com superavit devido ao aumento no volume de exportação, em especial do agronegócio. Haddad, que embora não vá cumprir o déficit zero, busca cumprir essa promessa no próximo ano.
Estima-se que, com a implementação do acordo, o Brasil poderia atrair investimentos de até 100 bilhões de dólares nos próximos anos. As áreas mais beneficiadas seriam a agroindústria, a indústria de manufaturados e o setor de serviços. A agroindústria, em particular, se beneficiaria com a redução de tarifas e o aumento do acesso ao mercado europeu para produtos como carne bovina, soja e café. A indústria de manufaturados também ganharia competitividade, ampliando suas exportações para a Europa. O setor de serviços, especialmente em tecnologia da informação e comunicações, poderia expandir sua presença no mercado europeu.
Além disso, a entrada de novos investimentos europeus poderia fomentar a criação de empregos e o desenvolvimento tecnológico, impulsionando o crescimento econômico do Brasil. A implementação do acordo também poderia levar à modernização das práticas agrícolas e industriais, alinhando-as aos padrões internacionais de sustentabilidade e qualidade, melhorando a imagem do Brasil no cenário global.