JBS cai 31% e lidera perdas na bolsa, que fecha no negativo
Na última sexta-feira, após o fechamento do mercado, a CVM detalhou investigações sobre o frigorífico abertas após divulgação da delação de Joesley Batista
As ações da JBS fecharam o dia em baixa de 31,34%%, a 5,98 reais, e lideravam as baixas na bolsa de valores nesta segunda-feira. O índice Ibovespa recuou 1,54%, aos 61.673. A cotação do dólar também teve queda, de 0,37%, a 3,2763 reais na venda.
Na sexta-feira, a Comissão de Valores Mobiliarios (CVM) divulgou após o fechamento do mercado que abriu cinco investigações contra a empresa entre os dias 18 e 19. O órgão regulador do mercado apura se houve irregularidades na atuação da empresa em razão da delação premiada de um dos seus donos, Joesley Batista.
Desde quarta-feira, a notícia de que Batista havia gravado o presidente da República Michel Temer dando aval à compra do silêncio do deputado Eduardo Cunha (PMDB-RJ) abalou os mercados. Na quinta, o Ibovespa teve queda tão forte que a B3 (antiga BM&FBovespa) precisou interromper as negociações após 20 minutos de pregão. O dólar disparou, registrando a maior valorização dentro de um dia em 18 anos. O conteúdo completo da delação veio a público na sexta.
De acordo com a CVM, os processos buscam esclarecer: se houve uso de informação privilegiada para negociação (insider trading) de ações e dólar no mercado futuro; a negociação de ações entre a JBS e seu acionista controlador (FB Participações S.A, que tem entre seus sócios os irmãos Joesley e Wesley Batista); a atuação do Banco Original (que é da J&F, dona da JBS) no mercado de derivativos (um tipo de ativo financeiro); a atuação da JBS no mercado de dólar futuro; detalhes sobre a delação do Joesley Batista.
A informação que circulava no mercado é que a JBS teria comprado uma enorme quantia de dólares antes da moeda se valorizar após as delações. A valorização teria sido suficiente para cobrir o valor da multa imposta à empresa pelo envolvimento no esquema de corrupção. A CVM teria sido notificada que o montante comprado na véspera da notícia da delação seria superior a 1 bilhão de reais, segundo informações do jornal Valor Econômico.
A agência de notícias Reuters também publicou que o grupo de controle da JBS vendeu 329 milhões de reais em ações da companhia em abril, operação que foi acompanhada pela compra de 200 milhões de reais em ações da empresa pela tesouraria da própria JBS no mês passado, segundo documentos enviados ao mercado.
O envolvimento da companhia em delação premiada semana e investigações sobre favorecimento do BNDES já haviam feito os papéis da JBS registrar perdas de 32,5% em uma semana até a última quinta feira.
Outro lado
Em nota, a JBS informa que “gerencia de forma minuciosa e diária a sua exposição cambial e de commodities”. “A JBS tem como politica e prática a utilização de instrumentos de proteção financeira visando, exclusivamente, minimizar os seus riscos cambiais e de commodities provenientes de sua dívida, recebíveis em dólar e de suas operações.”
Segundo a empresa, “as movimentações realizadas nos últimos dias seguem alinhadas à sua política de gestão de riscos e proteção financeira”.
A JBS ainda dá um exemplo do impacto de oscilações na cotação do dólar em seus negócios. “Ao considerar a variação cambial na cotação do dólar de 3,16 reais para 3,40 reais, como a ocorrida entre 31 de março (fechamento do primeiro trimestre) e 18 de maio, a companhia sofreria um prejuízo superior a R$ 1 bilhão.”
A empresa emitiu outra nota nesta segunda afirmando também que suas operações estão em ritmo normal e que tem uma situação financeira “robusta”. Sobre a delação, diz que “Todos os atos ilícitos que a companhia e seus executivos cometeram no passado foram comunicados à PGR e estão documentados nos autos da delação premiada homologada pelo Supremo Tribunal Federal.”