A relação abalada entre o time mais popular alemão e a maior empresa russa
A exportadora de gás natural Gazprom vê papéis sangrarem após sanções; Schalke 04 remove logo da empresa de uniforme
Maior exportadora de gás natural do mundo, a companhia estatal russa Gazprom está vivendo um inferno astral nesta quinta-feira, 24. Em resposta à invasão da Ucrânia pelo exército russo e o temor, a empresa vê seus papéis derreterem cerca de 25% nas bolsas de valores das cidades de Moscou e São Petersburgo. A companhia foi fortemente impactada pelas sanções impostas pela União Europeia, sobretudo pela Alemanha, que decidiu cancelar a importação da commodity pelos russos. A empresa é a dona e principal operadora do gasoduto Nord Stream 2, que liga a Rússia à Alemanha e demandou um aporte de 11 bilhões de dólares para ser concluído.
Maior companhia aberta da Rússia, a Gazprom também patrocina o clube de futebol alemão Schalke 04, conhecido por ter o maior número de torcedores no país, e por ser o grande rival do Borussia Dortmund. Mas, com o desenrolar das atitudes de Putin, a direção do time resolveu fazer desaparecer o logotipo da estatal russa de seu uniforme de jogo, causando um impasse sem precedentes na relação de parceria entre o clube e a empresa — a Gazprom é a principal patrocinadora do time alemão desde 2006. Em meio a isso, o CEO da Nord Stream 2 e representante da Gazprom no conselho do Schalke 04, o alemão Matthias Warnig, renunciou à posição no clube.
Não é a primeira vez que a Gazprom sofre com sanções. Durante a construção do gasoduto, em 2018, o então presidente dos Estados Unidos, Donald Trump, anunciou sanções a todos os envolvidos no projeto. Com isso, diversas empresas desistiram de operar o negócio, deixando para a estatal russa a responsabilidade de finalizar o projeto. Em maio de 2021, o atual presidente americano, Joe Biden, decidiu remover as sanções à Gazprom em uma tentativa de redefinir as relações com a Alemanha. Além da Gazprom, que pagou metade dos custos para a construção do gasoduto, a anglo-holandesa Shell, a austríaca OMV, a francesa Engie e as alemãs Uniper e Wintershall Dea participaram do projeto, que está paralisado desde sua conclusão, em setembro de 2021.