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A potência das Health Techs brasileiras, que captaram US$ 344,3 mi em 2021

Com o objetivo de oferecer acesso à saúde a custos mais baixos, segmento cresceu 329% no último ano e deve aumentar ainda mais com a chegada do 5G no país

Por Luisa Purchio Atualizado em 18 nov 2021, 10h19 - Publicado em 17 nov 2021, 08h06

Com a pandemia da Covid-19 e o aumento dos cuidados sanitários da população, o setor de saúde naturalmente passou a atrair mais capital de investidores no mundo inteiro. No Brasil, no entanto, as oportunidades de crescimento são ainda maiores e fizeram com que os números de Health Techs — empresas de tecnologia em saúde — em 2021 surpreendessem. De acordo com um levantamento realizado pela plataforma Sling Hub, que mapeia dados de startups na América Latina, até o dia 30 de outubro o segmento captou 344,3 milhões de dólares em investimentos, um aumento de 329% em relação ao ano anterior.

O número de empresas passou de 542 em 2020 para 1.158 em 2021, e o total captado por rodada de investimento também aumentou significativamente no período, de 1,6 milhão de dólares em 2020 para 8,3 milhões em 2021, uma alta de 423%. “As rodadas de investimento cada vez maiores mostram que em breve teremos algum unicórnio brasileiro neste segmento”, diz João Ventura, CEO da Sling Hub.

As Health Techs funcionam de maneira parecida às Fintechs, que por meio de uma rápida análise de dados conseguem oferecer crédito aos clientes de uma maneira que os bancos tradicionais muitas vezes não proporcionam, diminuindo, inclusive, a quantidade de desbancarizados no país. No caso das Health Techs, elas veem no Brasil um país que possui um grande número de pessoas sem acesso à plano de saúde, o que torna este mercado bastante promissor.

De acordo com o empresário Luís Chicani, CEO da Saúde da Gente, uma Health Tech fundada em 2011 para dar acesso à saúde básica para a população por meio de mensalidades que vão até 20 reais, o Brasil possui 160 milhões de pessoas sem um plano de saúde. Delas, 60 milhões não têm condições financeiras para consumir, portanto, há ainda 100 milhões de clientes potenciais para adquirir uma alternativa ao Sistema Único de Saúde (SUS) via acesso à saúde privada a custos baixos. Chicani foi ainda fundador da empresa de planos de assistência odontológica DentalCorp, que foi vendida em 2006 por 25 milhões de reais, e da BenCorp, de gestão integrada de soluções em saúde para empresas.

“Tudo o que for ligado a dar acesso à saúde às pessoas por meio de aumento de eficiência e tecnologia de dados têm potencial de expansão”, diz ele. O “pulo do gato” das Health Techs é utilizar tecnologia e cruzamento de dados para identificar da maneira mais precisa possível as necessidades de atendimento de saúde dos clientes, de maneira que possa oferecer planos com uma menor oferta de serviços e, por isso, mais baratos. “O importante é evitar o mal uso dos recursos, quer seja por desinformação sobre o risco de saúde da pessoa ou por fraudes. O papel da Health Tech é ser mais assertivo naquilo que ela oferece”, diz Chicani.

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Tecnologia

Outro propulsor das Health Techs é o atendimento à distância que vêm sendo proporcionado pela tecnologia, uma vez que o Brasil possui uma grande extensão territorial e áreas em que a chegada dos serviços de saúde e atendimento médico são raros. Com a chegada do 5G no país, esta perspectiva fica mais favorável. “Dado o tamanho e as dificuldades sociais que o Brasil enfrenta, não tem como a telemedicina não crescer no país”, diz Chicani.

Um ranking realizado pela Sling Hub mostra que a empresa no segmento de Health Techs que mais atraiu investimentos desde sua fundação foi a Dr. Consulta, com 110 milhões de dólares, seguida pela Bionexo, com 106 milhões, e a Memed, com 83 milhões de dólares. Além disso, o crescimento do número de funcionários de algumas delas aponta para o futuro. No último ano, a Vibe Saúde quadriplicou o seu quadro, de 32 para 116 colaboradores, enquanto a Beep Saúde passou de 178 para 569 e a NexoData cresceu de 19 para 59.

Por todos estes fatores, especialistas acreditam que, além do recorde de captação que ocorreu em 2021, essa expansão deve continuar, ainda que outras áreas econômicas do país estejam andando a passos lentos. “O setor de startups fica à parte da bolsa de valores e do risco fiscal e político, porque há um excesso de capital no mundo para se investir em tecnologia, principalmente nos Estados Unidos, onde o mercado de startups está saturado. Ainda não vemos este excesso no Brasil, o que atrai este capital. Por aqui, esse balanço está chegando num equilíbrio”, diz João Ventura, CEO da Sling Hub.

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