A posição das aéreas sobre as passagens a R$ 200 anunciadas por França
Empresas afirmam que dialogam com o governo federal para aumentar o número de passageiros e destinos atendidos
O anúncio do ministro de Portos e Aeroportos, Márcio França, sobre um programa de venda de passagens aéreas a 200 reais, aguçou possíveis beneficiados da ação e gerou um certo desconforto no governo, com direito a recado do presidente Luiz Inácio Lula da Silva (PT), mas não surpreendeu as companhias aéreas. As operadoras de voos no país consideram a iniciativa positiva e mantêm diálogo com a pasta para discutir a ação.
Segundo França, as passagens populares seriam disponibilizadas em meses de baixa temporada para pessoas com renda de até 6,8 mil reais, pouco mais de cinco salários mínimos. No caso de aposentados, pensionistas, servidores públicos e estudantes que têm financiamento pelo Fies, os bilhetes poderão ser parcelados em até 12 vezes sem juros, na modelagem de um consignado.
A Azul, que não faz parte da Associação Brasileira das Empresas Aéreas, a Abear, disse em nota que vê “com bons olhos” a iniciativa apresentada pelo governo Lula “para incentivar aposentados, estudantes e funcionários públicos a utilizarem o transporte aéreo” e afirmou estar disposta a conversar sobre a iniciativa. Procurada, a Gol disse “estar à disposição” para contribuir com o projeto que amplia o acesso da população ao transporte aéreo. Já a Latam se posicionou por meio da Abear. A associação disse estar acompanhando a proposta do governo para o plano de passagens aéreas e tem se colocado à disposição para contribuir. “Desde o início do ano, a Abear e suas associadas mantêm diálogo constante com o Ministério de Portos e Aeroportos sobre o cenário do setor aéreo e as possíveis soluções para o crescimento do número de passageiros e destinos atendidos”. Como mostra o Radar Econômico, a iniciativa foi bem recebida por especialistas do setor.
A oferta de passagens, segundo França, seria em períodos considerados “intermediários” para as companhias, que vão da segunda metade de fevereiro até junho, e depois nos meses de agosto, setembro, outubro e novembro. No ano passado, as aéreas registraram aproveitamento negativo entre os meses de maio a julho e setembro a dezembro, na comparação com os mesmos meses do ano anterior, segundo dados da Agência Nacional de Aviação Civil (Anac). O aproveitamento é calculado entre o número de passageiros pagos e lugares oferecidos. O ministro explicou que o governo não colocaria subsídio, apenas ajudará a focalizar a venda de passagens para esse público específico, ajudando a diminuir a ociosidade das aeronaves.