A insistência de Bolsonaro na CPI da Petrobras mesmo após renúncia
A apoiadores, presidente disse que preços da companhia são abuso e que é preciso investigar a diretoria da estatal "mesmo que não dê em nada"
O presidente e pré-candidato à reeleição, Jair Bolsonaro (PL), segue firme em seu discurso contra a Petrobras. Apesar do anúncio da saída de José Mauro Coelho da presidência da companhia — e consequente perda de força sobre a ideia de uma Comissão de Inquérito Parlamentar na Câmara dos Deputados –, o capitão insiste na instalação da CPI para investigar a Petrobras e os preços dos combustíveis adotados pela estatal.
“Estou acertando uma CPI na Petrobras. ‘Ah, você que indicou o presidente.’ Sim, mas quero a CPI. Ué, por que não? Investiga o cara. Se não der em nada, tudo bem. Mas os preços da Petrobras são um abuso”, afirmou em conversa com apoiadores na noite desta segunda-feira, 20, no Palácio da Alvorada. José Mauro Coelho foi o quarto presidente da Petrobras indicado (e o terceiro retirado) por Bolsonaro desde que ele assumiu o governo, em 2019. Roberto Castello Branco e Joaquim Silva e Luna caíram após reajustes de combustíveis. Além deles, o economista Adriano Pires, que assumiria no lugar de Luna, rejeitou a cadeira. Agora, o governo espera alçar Caio Mario Paes de Andrade, secretário de Desburocratização do Ministério da Economia, à cadeira máxima da estatal. O comitê de pessoas da petroleira deve analisar a documentação do indicado a partir desta terça-feira, 21.
Como mostra o Radar, após a Petrobras anunciar a saída de Coelho, o presidente da Câmara dos Deputados, Arthur Lira (PP-AL), demonstrou que não deve comprar sozinho a briga pela CPI da Petrobras. Lira, segundo esses aliados, queria apenas mandar um recado aos burocratas da companhia: não dá para ser estatal para o que interessa e seguir regras do mercado para lucrar.
Após a reunião de líderes, o presidente da Câmara anunciou que o líder do PL, Altineu Côrtes, apresentou o requerimento de pedido da CPI e passará a recolher assinaturas para sua instalação. Segundo Lira, na reunião, os líderes defenderam de modo “quase unânime” que o Ministério da Economia e o governo federal devem se envolver diretamente na discussão sobre a política de preços da Petrobras.
Desde 2016, a companhia pratica paridade com o mercado internacional, ou seja, para a formação dos preços da gasolina e do diesel, são levados em consideração a cotação do dólar e do petróleo no mercado internacional. Os preços do barril, que já vinham pressionados com a retomada econômica global após o avanço da vacinação contra a Covid-19, dispararam com a invasão da Ucrânia pela Rússia. O dólar continua em patamares altos e recentemente, com o aumento das taxas de juros mundo afora, bem como da tensão política e do risco fiscal trazidos pelo governo, voltou a subir, fechando em 5,18 reais na segunda-feira 20.