A inflação não dá trégua e volta a acelerar na prévia de junho
IPCA-15 subiu 0,69% no mês, com alta de preços administrados como planos de saúde; no acumulado de 12 meses, índice está em 12,04%

A inflação segue sem dar refresco ao consumidor brasileiro. Em junho, o IPCA-15, índice que mede a prévia da inflação no mês, ficou em 0,69%, acima dos 0,59% registrados em maio. Além da pressão dos combustíveis e dos alimentos, pesou também no resultado do mês a alta nos planos de saúde individuais e familiares, que passou a valer em maio.
Com isso, o acumulado da inflação em 12 meses segue acima dos dois dígitos, em 12,04% — vale lembrar que a meta de inflação para este ano é de 3,5%, com tolerância até 5%. Nos seis primeiros meses do ano, o IPCA-15 também está acima do teto da meta, em 5,65%.
O levantamento do IBGE mostra que a alta dos preços manteve a disseminação em junho, atingindo todos os grupos de produtos e serviços pesquisados. O maior impacto foi do grupo de Transportes, que subiu 0,84%. Esse grupo, que tem o maior peso dentro da cesta do IPCA, abarca preços de combustíveis, passagens aéreas e outros serviços como transporte urbano e seguro de veículo. Apesar de ter o maior peso, o grupo mostra desaceleração em relação a maio (alta de 1,80%) porque o preço da gasolina e do etanol recuou nas bombas, com isso, os combustíveis registraram deflação de 0,55%, mesmo com o diesel tendo aumentado em 2,83%.
A variação, entretanto, não contempla a última alta dos combustíveis anunciada pela Petrobras, que na sexta-feira passada aumentou a gasolina em 5% e o diesel em 14%, desencadeando mais um capítulo da crise dos combustíveis, como mostra VEJA desta semana. O IPCA-15 é calculado com os preços das da primeira quinzena do mês de referência e da última do mês anterior e, por isso, é chamado de prévia da inflação oficial.
Mais altas
No grupo Saúde e Cuidados Pessoais, os preços aumentaram 1,27%. Isso porque os planos de saúde sofreram reajuste de até 15,50%, autorizado pela Agência Nacional de Saúde Suplementar (ANS) em 26 de maio, com vigência a partir de maio de 2022 e cujo ciclo se encerra em abril de 2023. No grupo, influenciou também a alta de 1,38% nos produtos farmacêuticos.
A subida dos preços administrados também afetou no grupo de habitação. Após cair 3,85% no mês anterior, o grupo acelerou 0,66%, puxado pela taxa de água e esgoto (4,29%), influenciada pelos reajustes aplicados em três áreas: de 20,81% em Belém (11,41%), a partir de 28 de maio; de 12,89% em São Paulo (10,99%), a partir de 10 de maio; e de 4,99% em Curitiba (4,51%), a partir de 17 de maio. Também colaborou para a alta o subitem gás encanado (2,04%), consequência do reajuste de 9,16% em Curitiba (7,98%), a partir de 18 de maio, e de 5,95% no Rio de Janeiro (3,28%), a partir de 1º de maio. Os reajustes das taxas não compensaram a queda na energia elétrica (-0,66%), que desde abril está na bandeira tarifária verde e sem cobrança extra ao consumidor.
Já o grupo Alimentação e Bebidas (0,25%) desacelerou, após subir 1,52% em maio. O resultado teve influência dos alimentos para consumo no domicílio, que saíram de 1,71% em maio para 0,08%. O subitem leite longa vida, que havia subido 7,99% em maio, registrou 3,45% de alta em junho, por exemplo. Além disso, houve quedas nos preços da cenoura (-27,52%), do tomate (-12,76%), da batata-inglesa (-8,75%), das hortaliças e verduras (-5,44%) e das frutas (-2,61%).
Os demais grupos ficaram entre o 0,07% de Educação e o 0,94% de Artigos de Residência.