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A inesperada reação do mercado ao adeus do Nubank na bolsa brasileira

Banco vai encerrar registro na B3 objetivando melhor eficiência com redução de custos e burocracias da dupla listagem, mas medida frustra os investidores

Por Luana Zanobia Atualizado em 19 set 2022, 17h56 - Publicado em 16 set 2022, 15h44

O Nubank informou em comunicado ao mercado que vai cancelar o registro de companhia aberta na bolsa de valores brasileira, a B3. O banco abriu capital em dezembro do ano passado com suas ações listadas na Bolsa de Valores de Nova York (Nyse) e na B3. A medida visa a reduzir os custos da dupla listagem e diminuir as redundâncias burocráticas das diferentes jurisdições. Apesar do objetivo de melhorar a eficiência da operação, a notícia não foi bem recebida pelo mercado, que agora espera maior volatilidade no preço das ações do banco.

Os papéis do Nubank já negociam no vermelho na tarde desta sexta-feira, 16, com o mercado ainda digerindo o cancelamento do registro e analisando os efeitos para os investidores brasileiros. Os papéis da companhia continuam sendo negociados na bolsa brasileira por meio dos BDRs de nível 1, categoria que dispensa o registro de companhia aberta no Brasil para a emissão dos papéis. A mudança reduz as burocracias e exigências referentes às informações regulatórias que precisam ser oferecidas ao investidor no Brasil por meio da Comissão de Valores Mobiliários (CVM), órgão responsável por fiscalizar e regular o mercado de capitais no país. “A proposta para a descontinuidade do programa de BDRs Nível 3 tem como objetivo maximizar a eficiência e minimizar redundâncias consequentes de uma companhia aberta em mais de uma jurisdição. A administração da companhia afirma que a presente deliberação não afeta o compromisso de longo prazo do Grupo Nubank com o Brasil, tampouco com o mercado de capitais brasileiro”, diz o banco.

O BDR de nível 1 só pode ser adquirido por investidores qualificados, aqueles com mais de 1 milhão de reais investidos, ou por investidores de varejo se a companhia estiver listada há mais de 12 meses em um bolsa reconhecida pela B3. O Nubank completa pouco mais nove meses de listagem na Nyse, nos Estados Unidos, por isso deve concluir o cancelamento no Brasil apenas em dezembro, quando completa os 12 meses necessários para continuar garantindo acesso de seus papéis aos investidores de varejo. Ainda assim, a medida gera um sentimento de frustração.

O banco foi um grande incentivador dos investidores de varejo na aquisição de suas ações. “Vamos possibilitar que milhões de nossos clientes sejam donos de um pedacinho do Nubank. Mais do que clientes, a gente quer poder chamar vocês de sócios. Vamos viabilizar a milhões de nossos clientes serem donos de um pedacinho do Nu – e nós não vamos cobrar absolutamente nada por isso”, dizia o comunicado do Nubank sobre o programa NusSócios, que ofereceu de graça um BDR para mais de 7,5 milhões de clientes durante a oferta pública inicial de ações (IPO, na sigla em inglês). A medida acabou estimulando a enorme entrada de investidores de varejo no IPO do banco. Cerca de 815 mil investidores compraram os BDRs, tornando o IPO o maior já realizado no país em número de compradores do varejo.

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Com a mudança, os investidores terão apenas três opções: a compra das ações na Nyse, a troca dos BDRs de nível 3 pelos BDRS de nível 1, ou a venda desses papéis. “O anúncio gera uma forte pressão vendedora nos papéis, gerando maior volatilidade e desvalorização para os papéis. Embora isso seja positivo para a companhia por mitigar as burocracias e reduzir os custos, representa um enorme prejuízo para o investidor”, diz Gabriel Meira, especialista da Valor Investimentos.

Com o cenário macroeconômico bastante desafiador nos Estados Unidos com inflação alta e a política de elevação nos juros, as empresas estão fazendo ajustes para reduzir custos em um momento de baixa liquidez global. “Essa foi uma das estratégias do banco para tentar ajustar sua estrutura de custos, mas obviamente vai ter um dano da imagem do banco”, diz Paulo Cunha, sócio-fundador da iHUB Investimentos, que também prevê maior volatilidade para os papéis do banco.

Na tarde desta sexta-feira, 16, por volta de 15h20, as ações negociavam a 5,12 dólares, queda de 7%. “A notícia já trouxe volatilidade, sinalizando que o mercado não recebeu de forma positiva. Os investidores se sentem de certa forma lesados porque a empresa prometeu bastante, trouxe acessibilidade para os investimentos, e agora está saindo do Brasil, por isso, o mercado está reagindo bastante mal”, diz Danielle Lopes, analista de ações e sócia da Nord Reserach. Para a especialista, a manobra visa a reduzir os holofotes da mídia para preservar a sua base de clientes. Cancelando o registro no Brasil, a empresa reduz o fornecimento de informações para o mercado brasileiro e a possibilidade de perda de clientes, que hoje é sua principal fonte de monetização.

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