Economia

A IA subiu a régua no mercado de tecnologia

O aproveitamento da IA requer profissionais mais qualificados: com capacidade de analisar problemas e habilidades emocionais para lidar com a mudança contínua

Por André Scatolini*
17 jun 2025, 10h55

Governo federal criou grupo para gerir Plano Brasileiros de Inteligência Artificial — A IA está impulsionando uma nova dinâmica no desenvolvimento de software (Rawpick/Freepick/Agência Brasil)

O cenário do mercado de tecnologia global e nacional é marcado por um persistente déficit de profissionais qualificados. Pesquisas recentes, realizadas pela consultoria Korn Ferry e pela Brasscom – Associação das Empresas de Tecnologia da Informação e Comunicação e de Tecnologias Digitais, apontam um gap significativo que impacta o crescimento e a inovação no setor: a primeira indica que, até 2030, a escassez global de talentos no setor de tecnologia poderá atingir 4,3 milhões de trabalhadores; no cenário local, dados da Brasscom mostram que o Brasil enfrentará um déficit de mais de 500 mil profissionais de tecnologia ainda em 2025. Diante dessa realidade, a inteligência artificial (IA) emerge não apenas como uma ferramenta transformadora, mas como um fator crucial na redefinição do papel dos profissionais e na elevação do padrão de exigência do mercado.

A IA está impulsionando uma nova dinâmica no desenvolvimento de software. Algumas ferramentas já demonstram o potencial de aumentar a produtividade e otimizar tarefas, automatizando atividades rotineiras e liberando os desenvolvedores para se concentrarem em desafios mais complexos, estratégicos e que exigem maior capacidade analítica.

Nesse contexto, a inteligência artificial sobe o nível de qualificação esperado dos profissionais de tecnologia. O que isso significa? Que o mercado passa a valorizar perfis com habilidades que vão além da mera execução de código. Está em alta a capacidade de analisar problemas de forma crítica, propor soluções inovadoras, arquitetar sistemas complexos e gerenciar projetos estratégicos. As responsabilidades de desenvolvedores foram redefinidas e passaram a exigir uma expertise aprofundada e um olhar estratégico sobre a tecnologia.

Essa transformação abre um leque de novas oportunidades para os profissionais de TI. Com a IA assumindo tarefas antes conduzidas por um humano, surgem demandas por especialistas em áreas como análise de dados para otimizar modelos de inteligência artificial, arquitetos de sistemas capazes de integrar soluções de IA em infraestruturas já existentes, e profissionais com visão estratégica para identificar e implementar soluções inovadoras baseadas nessa nova tecnologia. Além disso, a segurança da informação e a ética na utilização da inteligência artificial tornam-se cada vez mais relevantes.

Paralelamente à evolução das habilidades técnicas, o novo cenário acentua a importância das chamadas soft skills. A capacidade de comunicação eficaz, o trabalho em equipe, a resiliência diante de desafios complexos, a inteligência emocional para lidar com mudanças constantes e a habilidade de resolução de problemas tornam-se diferenciais cruciais em um ambiente de trabalho cada vez mais dinâmico e colaborativo.

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A inteligência artificial se configura, portanto, como uma oportunidade de desenvolvimento profissional. Neste cenário, ela trará mais dinamismo e simplicidade à tecnologia, permitindo que dediquemos mais tempo para focar no negócio.

* André Scatolini é CEO da NAVA Technology for Business