A sinalização da Petrobras sobre mudanças na política de preços
Estatal elenca alterações como um fator de risco pelas falas de Bolsonaro e não garante a continuidade na paridade de preços com o mercado internacional

A Petrobras surpreendeu o mercado nesta quinta-feira, 31, ao sinalizar como fator de risco aos seus negócios uma possível mudança na política de preços da estatal, em texto de seu relatório anual e formulário de referência, divulgado nesta quinta-feira, 31. Como efeito, as ações da Petrobras já negociam em queda nesta manhã. Por volta das 11h15, os papéis recuavam quase 1%.
A indicação preocupa bastante os investidores, em um momento que o mercado se mostrava tranquilo com a troca de comando na Petrobras. A demissão do general Silva e Luna em substituição a Adriano Pires foi recebida com otimismo, porque Pires é um nome conhecido no setor de petróleo e gás e bastante respeitado, e já indicou ser contra o congelamento de preços e a favor da atual política de paridade com os preços do mercado internacional. Por isso, a sinalização da estatal de que é possível uma mudança na política de preços, algo desejado pelo presidente Jair Bolsonaro, assusta o mercado.
“No futuro, poderá haver períodos durante os quais os preços de nossos produtos não estarão em paridade com os preços internacionais de produtos. Ações e legislação impostas pelo governo brasileiro, como nosso acionista controlador, podem afetar essas decisões de preços”, diz a estatal no relatório, abrindo a possibilidade de mudança de acordo com as falas dos líderes das pesquisas presidenciais Bolsonaro e de Lula sobre a necessidade de modificar e ajustar a política de preços para as condições domésticas.
Segundo a Petrobras, uma nova diretoria executiva e equipe de gestão ou conselho de administração poderia propor alterações na atual política de preços, incluindo a decisão de que tal política não busque alinhamento com o preço de paridade internacional.
“O Governo Federal Brasileiro, como nosso acionista controlador, pode buscar certos objetivos macroeconômicos e sociais por nosso intermédio que podem ter um efeito adverso relevante sobre nós. Não podemos garantir que nossa forma de fixar preços não mudará no futuro. Mudanças em nossa política de preços de combustíveis podem ter um impacto material adverso em nossos negócios, resultados, condição financeira e valor de nossos títulos”, diz a Petrobras.