A corrida contra o tempo do governo para aprovar o pacote fiscal antes do recesso
Na noite de quarta-feira, Câmara aprovou regime de urgência de dois PLs que compõem o pacote

A Câmara dos Deputados aprovou, na noite desta quarta-feira, 4, o regime de urgência para dois projetos de lei do pacote fiscal apresentado pelo governo. A aprovação permite que as propostas não sejam discutidas em comissões e possam ser votadas diretamente em plenário. A aprovação do regime de urgência é um passo na corrida contra o tempo do governo Lula, que tenta a aprovação das propostas até o final deste ano.
O primeiro texto aborda gatilhos em caso de déficit fiscal, como a proibição de conceder, ampliar ou prorrogar incentivos e benefícios tributários, além de autorizar o bloqueio de emendas parlamentares. A matéria teve a urgência aprovada por 260 deputados, com 98 votos contrários e duas abstenções. Eram necessários ao menos 257 votos a favor.
Já o segundo texto propõe alterar a regra de correção do salário mínimo e aprimorar os mecanismos de controle do Benefício de Prestação Continuada e do Bolsa Família. A urgência foi aprovada por 267 deputados, com 156 contrários e 37 abstenções.
Anunciado na semana passada pelo ministro da Fazenda, Fernando Haddad, o pacote de corte de gastos do governo precisa ser aprovado por deputados e senadores para entrar em vigor. A expectativa é de que a medida seja sancionada ainda este ano — o que dá ao governo cerca de duas semanas para articular a aprovação antes do recesso parlamentar, com início em 23 de dezembro. A última sessão parlamentar deve ocorrer na sexta-feira, dia 20.
Desafio do governo
As votações do regime de urgência ocorreram em um momento de instabilidade entre os Poderes, diante da insatisfação de parlamentares com o bloqueio de emendas por decisão do STF.
O pagamento de emendas parlamentares estava suspenso desde agosto, por decisão de Flávio Dino, ministro do STF. Na segunda-feira, Dino liberou os recursos, mas com novas regras que não eram esperadas pelos parlamentares. Líderes da Câmara e do Senado reclamam da interferência do ministro.
Mais cedo, na quarta-feira, Lira já havia apontado que o governo enfrentaria dificuldades para obter os votos necessários à aprovação das urgências. Ele reafirmou, no entanto, que o pacote fiscal deve ser aprovado ainda nas próximas semanas. “Não tenho dúvida de que o Congresso não vai faltar (com a aprovação), mas está num momento de muita instabilidade”, disse Lira.