A complicada equação entre inflação, juros e crescimento do PIB
Boletim Focus aponta inflação oficial de 5,44%, acima da meta e na quarta revisão seguida; PIB deve crescer 0,3% este ano e foi revisado para 1,53% em 2023

A alta de mais 1,5 ponto percentual da taxa básica de juros na semana passada fez com que a Selic chegasse a 10,75% ao ano, o maior patamar em quase cinco anos. As altas na taxa de juros são uma ferramenta utilizada pelo Banco Central para tentar segurar a inflação. Na semana seguinte à elevação, o mercado financeiro continua a pontuar que a alta da inflação segue como desafio e que há efeitos no crescimento da economia.
No Boletim Focus divulgado nesta segunda-feira, 7, os analistas consultados pelo BC apontam que a inflação deve fechar 2022 em 5,44%. Subir os juros é tido como alternativa para tentar controlar os preços porque, com o crédito mais caro, o consumo de empresas e do consumidor é menor, sendo assim, a inflação tende a ficar menor. Na comparação com 2021, a estimativa de mercado é de uma boa desaceleração, mas o fato é que a inflação ainda está acima do limite.
Esta foi a quarta semana consecutiva de revisão para cima na estimativa do indicador de preços. Na última segunda, a projeção era de 5,38%. Vale ressaltar que a meta para a inflação neste ano é de 3,5%, com margem de tolerância até 5%. Caso o IPCA encerre 2022 acima do teto, será o segundo ano consecutivo de estouro da meta. Em 2021, a inflação fechou em 10,06%. Para 2023, o mercado continua a estimar o IPCA em 3,50%, acima do centro da meta, de 3,25% para o próximo ano.
Um dos efeitos colaterais da alta dos juros é o desestímulo da atividade econômica. Os analistas ouvidos pelo Focus continuam com a previsão de que o PIB deste ano crescerá apenas 0,3% — demonstrando uma economia estagnada. E, para 2023, os economistas revisaram a previsão de crescimento para baixo. Segundo o Focus, a estimativa é que o país cresça 1,53% no próximo ano, abaixo dos 1,55% estimados na semana anterior e dos 1,70% de um mês atrás.