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‘A cidade é para as pessoas’, diz urbanista franco-colombiano Carlos Moreno

Ele defende lugares em que tudo o que o cidadão precisa está, idealmente, a quinze minutos de distância

Por Diogo Schelp Materia seguir SEGUIR Materia seguir SEGUINDO 3 Maio 2025, 08h00

Como surgiu a ideia da cidade de quinze minutos? Em 2015, quando se firmou o Acordo de Paris sobre mudanças climáticas, entendi que as cidades precisam estar na linha de frente dessa luta, pois contribuem mais para a emissão de CO2. A proposta de um modelo policêntrico de cidade, com múltiplos centros, consiste em revalorizar o tempo urbano da proximidade.

Quais problemas esse modelo procura corrigir? A cidade é um conjunto de ilhas de proximidade para as pessoas. A falha está na centralização e na excessiva fragmentação urbana. As cidades têm que ser feitas para as pessoas e não para os carros. A cidade de quinze minutos aproxima as pessoas de todo tipo de serviço de que necessitam, de maneira descentralizada.

Como isso está sendo aplicado? Em Paris, nas ruas diante das escolas não passam mais carros. Elas se tornaram miniparques voltados para os pedestres. São 500 novas vias para pedestres em frente às escolas, quando antes existiam 200. Isso é uma mudança de paradigma. Foram eliminados 60 000 lugares de estacionamento em superfície, que agora são ocupados por jardins. Em grandes avenidas, onde antes havia duas faixas para veículos e duas para vagas de estacionamento, agora há ciclovias.

Qual foi o resultado? O tempo de deslocamento caiu em relação ao que era antes da pandemia, porque agora as pessoas conseguem fazer o essencial para a sua vida perto de casa. São serviços públicos, esportivos, médicos, comércios, padarias, açougues, livrarias, zonas verdes, zonas de descanso, atividades culturais e escolas que agora podem ser acessados a pé.

Como levar o trabalho para perto das pessoas? Criando novos lugares de proximidade para trabalhar. Muitas empresas que tinham prédios inteiros para acomodar seus funcionários agora estão se reconfigurando para oferecer lugares múltiplos em que os colaboradores que vivem em diferentes regiões possam trabalhar.

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A construção de prédios ao longo de corredores de transportes, como ocorre em São Paulo, é uma boa solução? A verticalização não é uma solução mágica. Ao contrário, em algumas situações pode até agravar o problema. É preciso levar em consideração o conceito de densidade orgânica, menos opressivo, que oferece um espaço público vertical com terraços, serviços, vegetação e áreas comuns.

É possível aplicar esse modelo a cidades como São Paulo, onde milhões de pessoas vivem em bairros distantes?  Sim, equilibrando densidade de habitação com serviços e com lugares para trabalhar hiperconectados e descentralizados. O extremo oposto da verticalidade massiva sem serviços é o espalhamento massivo sem serviços.

Publicado em VEJA de 2 de maio de 2025, edição nº 2942

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