A aparente contradição no mercado imobiliário, que deve investir mais em 2025
Empresários do setor acreditam que a economia vai piorar, mas não esperam o mesmo para seus negócios, segundo pesquisa

Cerca de 80% dos empresários no segmento imobiliário acreditam que o cenário econômico do país vai piorar neste ano. Entre eles, 16% consideram que o futuro da economia reserva algo “muito pior” do que o constatado em 2024. Os dados são de uma pesquisa da consultoria Brain Inteligência e Estratégia, especializada no mercado imobiliário, que também indica uma aparente contradição na postura de grandes CEOs do segmento. Praticamente quatro a cada dez empresários esperam que suas empresas tenham um desempenho melhor em 2025 do que no ano anterior e planejam ampliar investimentos. Cerca de 30% das companhias preveem um ano pior para seus negócios e apenas 12% devem reduzir seus investimentos. Para o presidente da Brain, Fábio Tadeu Araújo, o descompasso entre a visão do empresariado a respeito da economia e seus próprios negócios é o principal achado do levantamento. “A nossa expectativa é de que o mercado fique estável ou cresça um pouco menos do que no ano passado, o que ainda seria um dos melhores resultados da história”, diz.
Araújo pontua que a quantidade de más notícias circulando sobre a economia, especialmente em relação ao patamar da taxa Selic, tem um grande peso na análise do mercado. “Mas também precisamos levar em conta que a economia está muito aquecida e o componente da renda é muito importante para as vendas”, diz. Apesar dos juros altos, os últimos três anos representaram uma geração de caixa robusta para as empresas do mercado imobiliário, que querem seguir alocando esse dinheiro na melhoria de seus negócios. A análise da consultoria aponta que o impulso dado ao programa Minha Casa Minha Vida pelo governo federal fez o segmento de baixa renda “explodir”, enquanto o mercado de luxo também segue aquecido desde a pandemia da Covid-19.
A preocupação do empresariado do setor em relação à economia se deve não apenas a uma possível piora no cenário dos juros, mencionada por 63% dos entrevistados, mas a uma deterioração das expectativas de inflação, citadas por sete a cada dez CEOs. Uma eventual alta do dólar também gera alguma preocupação, uma vez que mais de 60% dos empresários a relacionam com um aumento nos preços de produção e com uma perda no poder de compra dos consumidores. A pesquisa da Brain ouviu 200 empresários do mercado imobiliário ao longo do mês de março.