ASSINE VEJA NEGÓCIOS

A agonia da Sete Brasil, uma das piores estatais criadas por Lula

Criada em 2010 para explorar o pré-sal, a empresa entrou em RJ em 2016 com dívida de R$ 19 bilhões. Hoje, a dívida ultrapassa R$ 36 bilhões

Por Luana Zanobia Materia seguir SEGUIR Materia seguir SEGUINDO Atualizado em 18 fev 2025, 12h07 - Publicado em 17 fev 2025, 16h05

Após quase uma década em recuperação judicial, a Sete Brasil, anteriormente considerada a joia da coroa das ambições industriais do Brasil, finalmente sucumbiu ao inevitável:  a Justiça do Rio de Janeiro decretou, em dezembro, a falência da empresa. Esse foi o golpe final para um projeto nascido de sonhos, mas afogado em corrupção e má gestão. Com dívidas que hoje ultrapassam os R$ 36 bilhões, o insucesso da empresa surge como um lembrete contundente dos perigos da intervenção estatal nos negócios, especialmente quando guiada por aspirações políticas e não por realidades econômicas.

A empresa recorreu da decisão, mas o mérito da questão ainda não foi julgado, pois estava aguardando as contrarrazões do administrador, a Licks Associados, que foram protocoladas no dia 12 de fevereiro. A Licks Associados defende a falência da empresa, afirmando que sua manutenção interessa apenas “àqueles que cometeram os crimes de corrupção, pois, em caso de falência, a administração judicial terá o dever de apurar os crimes cometidos”.

A queda da Sete Brasil é emblemática de uma era de políticas industriais equivocadas promovidas pelo presidente Luiz Inácio Lula da Silva em seu segundo mandato, entre 2007 e 2010. No auge da euforia nacional com a descoberta de vastas reservas de petróleo no pré-sal, Lula buscou elevar a Petrobras e, por extensão, o Brasil ao topo da produção global de energia. A criação da Sete Brasil, em 2010, como fornecedora exclusiva de sondas de perfuração para o pré-sal, simbolizava essa ambição. Contudo, essa grandiosa visão rapidamente se desfez, à medida que a empresa se afundava no maior escândalo de corrupção já registrado no Brasil, revelado pelas investigações da Operação Lava Jato.

O plano previa a construção de 28 sondas ultra-profundas—navios imensos que perfurariam o fundo do mar para extrair o cobiçado petróleo do pré-sal. O custo? Algo em torno de US$ 25 bilhões—aproximadamente metade do orçamento total da Petrobras na época. Os riscos eram enormes, mas Lula acreditava que as recompensas justificavam o investimento.

No entanto, a realidade seguiu outro caminho. Ao longo dos anos, apenas quatro das sondas encomendadas foram entregues, e a Sete Brasil logo se viu imersa em acusações de corrupção sistêmica. Executivos de alto escalão tanto da Petrobras quanto da Sete Brasil, incluindo João Carlos Ferraz e Pedro Barusco, foram implicados em um esquema de propinas que desviava recursos dos contratos com estaleiros para os cofres do Partido dos Trabalhadores (PT) e contas offshore pessoais.

Continua após a publicidade

Ferraz, ex-presidente da Sete Brasil, admitiu ter recebido milhões de dólares em propinas dos estaleiros contratados, em práticas que replicavam as ocorridas na Petrobras. Segundo seu depoimento, 0,9% de cada contrato com os estaleiros era destinado a pagamentos ilícitos, com dois terços desse valor indo para os oficiais do PT, incluindo João Vaccari Neto, ex-tesoureiro do partido. O restante era dividido entre executivos da Petrobras e da Sete Brasil, perpetuando uma cultura de corrupção que corroía ambas as empresas.

Em 2016, a empresa pediu recuperação judicial com uma dívida estimada em cerca de R$ 19 bilhões—número que hoje praticamente dobrou. Os esforços de recuperação, marcados por batalhas jurídicas e negociações fracassadas, apenas atrasam o desfecho.

Publicidade

Matéria exclusiva para assinantes. Faça seu login

Este usuário não possui direito de acesso neste conteúdo. Para mudar de conta, faça seu login

Digital Completo

Acesso ilimitado ao site, edições digitais e acervo de todos os títulos Abril nos apps*
Apenas R$ 5,99/mês*
ECONOMIZE ATÉ 59% OFF

Revista em Casa + Digital Completo

Nesta semana do Consumidor, aproveite a promoção que preparamos pra você.
Receba a revista em casa a partir de 10,99.
a partir de 10,99/mês

*Acesso ilimitado ao site e edições digitais de todos os títulos Abril, ao acervo completo de Veja e Quatro Rodas e todas as edições dos últimos 7 anos de Claudia, Superinteressante, VC S/A, Você RH e Veja Saúde, incluindo edições especiais e históricas no app.
Pagamento único anual de R$71,88, equivalente a R$ 5,99/mês.

PARABÉNS! Você já pode ler essa matéria grátis.
Fechar

Não vá embora sem ler essa matéria!
Assista um anúncio e leia grátis
CLIQUE AQUI.