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91% dos brasileiros têm visão positiva sobre alimentação sustentável, aponta estudo

Essa alimentação é rica em verduras, fomenta o consumo de produtos locais, gera menos resíduos e limita o consumo de carne para proteger a biodiversidade

Por Leticia Yamakami 27 nov 2024, 06h00

A Sodexo, em parceria com o Instituto Harris Interactive, divulgou nesta quarta-feira, 27, a segunda edição da pesquisa internacional de sustentabilidade Food Barometer, responsável por analisar a visão da população acerca da alimentação sustentável. O estudo contou com 7299 entrevistados habitantes de cinco países diferentes: Brasil, Estados Unidos, França, Índia e Reino Unido como um todo. O levantamento da empresa mostra que, apesar de um contexto inflacionário que pesa no entusiasmo pela alimentação sustentável, as percepções ainda são amplamente positivas de forma geral.

Os dados coletados apontam que 91% dos brasileiros veem a alimentação sustentável de maneira otimista, acima da média global de 74%. Mundialmente, para 73% dos respondentes, o preço é o principal fator para a escolha desses tipos de produtos alimentares, seguido pelo sabor para 61%. Esse cenário se dá em meio às altas taxas de inflação por esses países do globo, o que faz com que o poder de compra seja um fator determinante. Mesmo assim, 27% dos consumidores escolhem adquirir uma comida devido ao seu impacto ambiental positivo e os benefícios da alimentação sustentável são amplamente reconhecidos.

No topo da lista de vantagens encontram-se a preservação do meio ambiente e a melhora da saúde individual, além da redução do desperdício — principalmente para os EUA, que joga fora um terço de seus alimentos, de acordo com o Programa das Nações Unidas para o Meio Ambiente. O desperdício de comida é responsável por 8 a 10% das emissões de gases de efeito estufa e a alimentação sustentável é uma das alternativas para combatê-lo.

Além disso, 65% dos entrevistados acreditam que adotar essa prática melhora a qualidade de vida. A partir desses dados, a pesquisa da Sodexo criou três diferentes perfis de consumidores em relação a sua atitude acerca da alimentação sustentável. O Engajado, que compõe 42% do grupo, está muito disposto a consumir esses produtos sempre que possível, enquanto o Indeciso, que representa 44%, tem visão positiva sobre o tópico, mas hesita em fazê-lo. Já o Distante, que engloba 14% do grupo, está rejeito a isso.

As pessoas com perfil engajado são de classes altas e de alta renda, em sua maioria, além de terem filhos e adotarem outras práticas sustentáveis no seu dia a dia. O contraste com o perfil Distante é alto, já que eles tendem a consumir mais alimentos processados como fast foods, apesar de não terem outras características especiais significativas. Esses fatores escancaram ainda a falta de acessibilidade de muitos desses insumos. No caso da Sodexo, a CEO Andrea Krewer diz que comprar alimentos sazonais, na época adequada de produção e com preços mais atrativos são as táticas utilizadas na oferta de menores preços, possibilitada pelo planejamento antecipado de cardápios e investimentos na cadeia de fornecimento.

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O estudo também ressalta que, juntamente com os produtores agrícolas e o setor agroalimentar, espera-se que a indústria de foodservice ajude a incentivar esta agenda. Os dados levantados certificam que os agricultores estão no centro das expectativas e dos motores da transição, juntamente com o setor de serviços de alimentação. De acordo com a pesquisa, para atender a essas expectativas, os serviços de alimentação fora de casa podem se basear em quatro pilares: práticas ecologicamente virtuosas, métodos de produção sustentáveis e responsáveis, novas receitas sem perder o sabor e pedagogia/educação.

Ao ampliar a característica da inovação em receitas, grande parte dos brasileiros entrevistados afirmaram desejar consumir, fora de casa, comidas sustentáveis que sejam criativas e atrativas para promover uma alimentação sustentável e saborosa. 62% da população deseja consumir produtos mais sustentáveis em escolas ou universidades e em restaurantes, enquanto aproximadamente 58% gostariam disso em estabelecimentos de saúde e nos refeitórios de suas empresas. Em relação à pedagogia, a família e os amigos são parceiros-chave no objetivo de educar sobre o tema, bem como as mídias sociais e o ambiente de trabalho, que também podem ser influenciadores.

Além de utilizar veículos elétricos para reduzir emissões poluentes na logística, a Sodexo possui um programa de incentivo à adoção de práticas de alimentação sustentável que pode servir de exemplo a outras companhias. O “WasteWatch” tem como objetivo realizar uma gestão integrada de resíduos nas operações da empresa. Durante esse ano, o programa garantiu que mais de duas mil toneladas de alimentos deixassem de ser desperdiçadas no meio de seus processos, o equivalente a mais de 3,7 milhões de refeições e uma redução de 27% nas emissões de gás carbônico. A iniciativa visa atingir globalmente a meta de Net Zero até 2040.

Em entrevista a VEJA, a CEO da Sodexo Andrea Krewer reforça quais práticas as instituições alimentícias do país precisam adotar para fornecer a sustentabilidade desejada por mais da metade da população. “É preciso pensar em toda a cadeia de fornecimento da empresa para que ela seja sustentável, desde a compra com fornecedores locais, logística com veículos elétricos, até programas de redução de desperdício de alimentos nos restaurantes”, afirma. Segundo ela, a companhia que representa busca investir em seus chefs, para que criem receitas saborosas e atrativas e cardápios com opções alternativas, como receitas à base de plantas. Os alimentos sazonais citados, além de reduzirem o custos, visam a otimização e o uso integral dos alimentos.

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