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5 empresas que já sofrem graves perdas com o tarifaço de Trump contra o Brasil

Dificuldade para redirecionar mercadorias, redução de vendas e risco de demissões tiram o sono de negócios que vendem para os Estados Unidos

Por Redação 8 ago 2025, 13h51

A entrada em vigor do tarifaço dos Estados Unidos contra o Brasil, na quarta-feira, 6, já causa prejuízos palpáveis – e, em muitos casos, dramáticos – para empresas que exportam seus produtos para lá. Os impactos são vistos em diversos setores – do agronegócio aos fabricantes de máquinas e equipamentos – e atingem negócios de todos os portes – de pequenas empresas a gigantes da economia brasileira.

A inclusão de quase 700 itens na lista de exceções representa um alívio para cerca de 40% das exportações do Brasil para o mercado americano, mas uma série de negócios foram atingidos em cheio. É o caso, principalmente, do agronegócio, uma vez que pescados, carne bovina, frutas e café estão entre os produtos que agora pagam uma tarifa de 50% para entrar no mercado norte-americano.

Produtos produzidos sob medida para os EUA, atendendo a requisitos específicos desse mercado, também estão entre os grandes perdedores. Veja algumas empresas de diferentes portes e áreas de atuação que já enfrentam fortes impactos em suas operações:

Frescatto

Fornecedora de peixes e lagostas congeladas para os Estados Unidos, a Frescatto correu para despachar o máximo de mercadoria possível antes da entrada em vigor do tarifaço — um movimento que custou caro para a empresa. Em uma das vendas que estava em andamento em julho, a Frescatto teve que oferecer um desconto de 40% ao comprador americano para salvar o negócio. A companhia absorveu todo o impacto negativo e saiu no prejuízo nesse caso. Novas condições de venda foram negociadas com fornecedores e clientes da empresa, de modo que cada um vai absorver uma parte do impacto, mas a expectativa é de queda expressiva nas vendas aos EUA. “Estamos fazendo testes com volumes muito menores”, diz Rafael Barata, diretor de comércio exterior da Frescatto. A empresa busca  agora mercados alternativos ao americano para preservar sua frente de exportação. Diversificar destinos leva tempo, mas se mostra necessário. “Nossa visão é que a tarifa inviabiliza as vendas aos EUA no longo prazo”.

Ibacem

A Ibacem é a maior exportadora brasileira de mangas para os Estados Unidos. A empresa familiar foi fundada em 1986, em Juazeiro (BA), e é um caso de sucesso da agricultura do Vale do São Francisco. Recentemente, tem exportado mais de 16 milhões de toneladas de manga anualmente para diversos países. Apesar da manga ser uma commodity, não é tão fácil direcionar o produto que seria vendido aos americanos para outras regiões, já que o volume é muito grande, de modo que a colheita que começa neste mês de agosto e termina em outubro, a princípio, seria quase toda direcionada ao país. O envio nessa escala está totalmente inviabilizado pela taxação. “Vamos embarcar um volume mínimo para os Estados Unidos”, diz Nelson Costa Filho, presidente da Ibacem. O executivo conta que o tarifaço gera um desequilíbrio geral nos preços, pois as frutas que serão redirecionadas para outros mercados como o europeu criarão uma sobreoferta, agravando os prejuízos.

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Soul Brasil

A produtora de geleias, pimentas e molhos Soul Brasil Cuisine tinha grandes planos para os Estados Unidos, mas eles foram frustrados pelo tarifaço — e a empresa colhe o prejuízo. A Soul abriu um escritório no país de Trump no início do ano para começar a operar por lá. A ideia era enviar um primeiro carregamento de 50 000 dólares neste mês de agosto, mas a ação foi suspensa. “Conseguimos revender uma parte da carga para a Holanda, enquanto a outra parte simplesmente deixará de ser produzida”, diz Peter Feddersen, sócio da empresa. Os americanos não vão ter amplo acesso às geleias de frutas típicas brasileiras tão cedo. Segundo a Associação Nacional da Micro e Pequena Indústria (Simpi), cerca de 3 000 de suas empresas associadas exportam diretamente para os Estados Unidos — e a maioria delas está reportando cancelamentos de encomendas, segundo o presidente do Simpi, Joseph Couri. “Nossa orientação é que negociem ao máximo com seus clientes para manter as vendas sem perder dinheiro e que, ao mesmo tempo, busquem outros mercados”, diz.

Leardini Pescados

Apesar da Leardini Pescados vender seus produtos para diversos países, redirecionar parte das exportações agora taxadas pelos Estados Unidos não é uma tarefa fácil. Os americanos têm uma alta demanda por produtos como lagosta e atum, de preço mais elevado, o que restringe a busca por outros compradores. O mercado brasileiro não tem capacidade de absorver a oferta, o que é a principal preocupação da empresa catarinense. O sócio Attilio Leardini alerta para uma possível perda de empregos “de proporções monumentais” no setor se nada mudar no médio prazo. A Associação Brasileira das Indústrias de Pescado (Abipesca), que representa 90% das exportações nacionais do produto, incluindo as da Leardini, compartilha da mesma preocupação e pede que o governo federal ajude o setor. “(Uma linha de crédito emergencial) é crucial para evitar um colapso imediato e dar fôlego até que se encontre uma solução duradoura”, disse a associação em um comunicado.

Forbal

A confiança que o setor privado depositou nos Estados Unidos ao longo de décadas agora cobra um preço alto de muitos negócios. A gaúcha Forbal, que fabrica peças para tratores e máquinas agrícolas, tem boa parte da produção feita sob medida para o mercado americano, inviabilizando a revenda para outras regiões em meio ao tarifaço. A empresa ainda tenta vender as peças, mas a taxação dificulta acordos. “Alguns clientes americanos perderam o interesse em negociar conosco, devido ao aumento do custo”, diz Giuliano Santos, presidente da Forbal. A empresa dobrou a aposta nos Estados Unidos ao inaugurar um centro de distribuição em Tampa, no estado da Flórida, em março deste ano — menos de um mês antes de o presidente americano, Donald Trump, anunciar tarifas recíprocas contra uma série de países e, três meses depois, a alíquota elevadíssima contra o Brasil. Antes da guinada protecionista, a Forbal queria aumentar a participação de suas exportações no faturamento de 14% para 50% em três anos. A estratégia teve que ser totalmente reavaliada.

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