Por que a compra do Twitter por Elon Musk não muda nada na sua vida?
Em tempos de irracionalidade, todos querem transformar uma das compras mais relevantes do ano em assunto político. Pobre brasileiro. Não sabe o que faz.
O título desta matéria é provocativo por um simples motivo: Elon Musk não está minimamente preocupado com o que você pensa. Nem com o que a política brasileira pensa. Até porque ele está longe de ser um ignóbil político. E nem com a sua liberdade ele está preocupado. Nesta semana, o multibilionário Elon Musk fez uma jogada ousada até mesmo para ele: a compra da rede social Twitter, por US$ 44 bilhões de dólares.
Para um cara que tem um patrimônio líquido avaliado em 1 trilhão de reais, a compra equivale a 1/6 de sua fortuna. Independente do que está por trás ou não disso – as pessoas insistem em analisar algo absolutamente impossível de analisar (que é a cabeça de Elon), no Brasil a notícia tomou contornos de Revolução Francesa. Mas o que explica este fenômeno? De pessoas brigando nas redes por uma notícia que de fato não as afeta em quase nada? Simples. A política e a irracionalidade é a resposta.
No Brasil tudo vira política. Uma tragédia que só favorece os ignorantes. Tudo vira uma narrativa para que o lado A ou B se ataquem. Na verdade, estas pessoas vivem, de alguns anos para cá, um cenário tão irracional quanto infantil. Vamos lá. O Twitter, de acordo com o site Statista, é a 15a maior rede social do planeta – 435 milhões de usuários não verificados. Para se ter uma idéia, o Facebook tem 2,9 bilhões de usuários. O Twitter é uma rede importante na disseminação de notícias, sobretudo políticas. Referência para celebridades, personalidades e jornalistas que pretendem passar alguma informação ou estar atualizado em tempo mínimo. Porém, é uma rede supervalorizada. Explico. Não se sabe ao certo o tamanho da penetração ou importância do Twitter, sobretudo porque o número de perfis fake e robôs que atuam nela é assombroso. Um grande desafio para Elon Musk, que aliás, disse que vai combater com todas as suas forças este tipo de atividade.
É uma rede gratuita, que até ontem era de capital aberto. Agora muda tudo. Economicamente inclusive. Nada tem a ver com política. Com esquerda e direita. Com ser livre ou não. Isso é papo para pessoas que sinceramente – opinião deste colunista – sequer conseguem olhar um grande fato econômico além de suas toscas convicções políticas. Os motivos para o “Tony Stark” do nosso tempo ter feito a aquisição ficarão claros em breve. Elon Musk já demonstrou ser bem pragmático quando leva um assunto a sério. Economicamente sem dúvidas é um fato relevante e as mudanças que atingirão a rede social em breve podem fazer dela uma ferramenta de um novo tempo ou a enterrarão de vez.
Sobretudo se analisarmos que em número de usuários, o Twitter tem aproximadamente 35% do número do total do Instagram por exemplo. Em tempos de TikTok e outras novidades que virão, o Twitter está longe de estar na preferência das gerações Z e Alfa. Isso significa um problema econômico para a rede no futuro? Não necessariamente. Musk sempre olhou para o longo prazo. Agora como dono absoluto da rede, pode decidir tranquilamente bancar esta situação por mais algum bom tempo enquanto reorganiza a empresa a sua imagem e semelhança. Obviamente não parece lógico gastar dezenas de bilhões de dólares para não ver uma perspectiva à frente. Apesar de que a nossa lógica não se aplica a de Elon Musk. Justamente por isso estamos discutindo ele esta semana toda e não o contrário.
Musk é um ardoroso defensor da liberdade de expressão. É contra o banimento definitivo de usuários. Prefere uma política de banimento temporário. Nada que vá interferir demais nas políticas atuais da rede.
De qualquer forma é triste ver que no Brasil, o debate, que se restringe a uma casta pequena diga-se, foge do campo racional econômico e de negócios. Ao invés de se discutir possibilidades e cenários, insistem em transformar tudo em uma questão política – ideológica. E NÃO É. Quem faz isso apenas contribui para o aumento da ignorância.
Existem sintomas que demonstram claramente porque o Brasil passa por dificuldades há anos. Este tipo de debate prova que nosso problema é estrutural. Volto a afirmar. A compra do Twitter nada tem a ver com liberdade, esquerda e direita. Ninguém sabe ao certo porque Elon realizou a compra.