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Thomas Traumann é jornalista e consultor de risco político. Foi ministro de Comunicação Social e autor dos livros 'O Pior Emprego do Mundo' (sobre ministros da Fazenda) e 'Biografia do Abismo' (sobre polarização política, em parceria com Felipe Nunes)
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Ano novo, nova agenda

Troca de diretoria do Banco Central mostra sintonia entre Campos Neto e Haddad

Por Thomas Traumann Materia seguir SEGUIR Materia seguir SEGUINDO 15 jan 2024, 13h56

Uma mudança burocrática na diretoria do Banco Central revela a nova fase da relação entre o presidente do BC, Roberto Campos Neto, e o ministro da Fazenda, Fernando Haddad. Indicado pelo governo Lula para ser o diretor de Relacionamento, Rodrigo Teixeira assumiu a diretoria de Administração. A antiga diretora Carolina Barros foi para o Relacionamento. Por trás da troca de posto há uma articulação política poderosa.

O maior problema estrutural do BC hoje é a crise dos servidores. O BC não tem concursos desde 2010 e o quadro que já chegou perto de 5 mil servidores está em torno de 3 mil. Desde o governo Temer, os salários tiveram um único reajuste de 5%. Um analista em fim de carreira do BC recebe R$ 29.832, pouco mais que o um recém-contrato delegado de terceira classe da Polícia Federal, R$ 25.825,00. Na quarta-feira, 11, os servidores fizeram uma paralisação e conseguiram que a ministra de Gestão, Esther Dweck, os chamasse para uma reunião para 8 de fevereiro. A paralisação ocorreu depois que o governo Lula concedeu um reajuste de 23%, escalonado em três anos, para os policiais federais e policiais rodoviários federais.

Rodrigo Teixeira trocou de diretoria para assumir essa bucha de canhão. Servidor de carreira do BC, Teixeira trabalhou no ministério do Planejamento do primeiro governo Dilma, foi subsecretário de planejamento da gestão Haddad na prefeitura de São Paulo e até dezembro trabalhava na Casa Civil com Rui Costa. É natural esperar que com esse currículo, Teixeira tenha mais canais para dialogar com o governo.

Colocar um indicado do governo Lula para cuidar do seu maior problema é um passe da tabelinha entre Campos Neto e Haddad. O outro é a aprovação da PEC da autonomia financeira do BC, do senador Vanderlan Cardoso (PSD-GO). A proposta teve 42 assinaturas, acima das 27 assinaturas necessárias para protocolar uma PEC, o que indica uma tramitação tranquila no Senado. O senador Plínio Valério (PSDB-AM) será o relator da proposta de emenda. Na Câmara, a aprovação está garantida com o apoio do presidente Arthur Lira. Na prática, o governo não tem força para impedir a aprovação.

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Pela PEC, o BC deixa de estar no Orçamento da União e passa a ficar com as taxas e multas aplicadas bancos e outras instituições financeiras, além das despesas de emissão de moeda (chamada de “senhoriagem”). Numa conta grosseira, a PEC dá instrumentos para o BC pagar todas suas contas e ganha autonomia para fazer concursos e dar aumentos e bônus a seus servidores. No curto prazo, a proposta abre mais R$ 4,5 bilhões no Orçamento do governo (mais, por exemplo, do que se espera arrecadar com taxação das apostas online).

Politicamente, a proposta é um passo a mais na independência do BC, ideia que sempre contou com antipatia do PT. Mas com Campos Neto a doze meses de encerrar o seu mandato e Lula indicar quem quiser como sucessor, é mais que possível que o PT feche os olhos e vá em frente. Deve aproveitar para fazer algumas mudanças no tempo dos mandatos e, principalmente, no período de quarentena no qual ex-diretores serão impedidos de trabalhar no mercado financeiro.

Os sinais mostram uma guinada. Depois de um primeiro ano de discursos públicos do presidente e do PT contra Campos Neto, a agenda é outra. O tempo de brigar passou e a prioridade tanto do governo quanto de Campos Neto é fazer uma transição suave.

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