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Thomas Traumann é jornalista e consultor de risco político. Foi ministro de Comunicação Social e autor dos livros 'O Pior Emprego do Mundo' (sobre ministros da Fazenda) e 'Biografia do Abismo' (sobre polarização política, em parceria com Felipe Nunes)
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A tempestade está chegando

A inflação de alimentos é o sinal de que as coisas não estão bem na economia

Por Thomas Traumann Materia seguir SEGUIR Materia seguir SEGUINDO Atualizado em 12 out 2020, 14h45 - Publicado em 12 out 2020, 11h49

O preço do quilo do arroz subiu 40% neste ano. O do feijão, 35%. A lata de óleo de soja, custa agora 50% a mais do que no início do ano. O litro do leite, 30% a mais. O nome disso é inflação. Só que se você olhar os indicadores oficiais, essa alta extraordinária de preços de alimentos está dissipada pela queda de outros custos, especialmente nos serviços. Mesmo assim, em função dos alimentos a inflação oficial que até julho todos apostavam que ficaria abaixo dos 2% deve fechar 2020 entre 2,5% e 3%. 

Para o mundos dos negócios, está tudo bem. A meta da inflação deste ano é de  4% e para 2021 de 3,75%. Há uma folga, portanto. Mas as pessoas não vivem no mundo dos negócios. 

Na vida real, as pessoas estão gastando mais para comer e para a imensa parte da população brasileira, comida ainda é item mais importante dos custos. O outro custo, o transporte coletivo, vai subir de preço assim que as eleições terminarem, porque com o real desvalorizado, ficou mais caro importar óleo diesel. O real foi a moeda que mais desvalorizou no mundo e os investidores estrangeiros estão fugindo do Brasil pela instabilidade política.

Mas as notícias ruins não acabaram. O auxílio emergencial, que foi reduzido neste mês de R$ 600 para R$ 300, acaba em dezembro. O governo está prometendo criar um novo programa, mas não se engane. Esse novo projeto não vai incluir todo. Entre 10 e 20 milhões de pessoas que recebiam o Auxílio emergencial vão ficar sem um vintém a partir de janeiro.

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Com o fim do auxílio, muita gente vai voltar a buscar emprego. Só que não há. Oficialmente, Brasil tem 14 milhões de desempregados, mas esse dado é subdimensionado. Há 12 milhões de trabalhadores recebendo salários com desconto em roca da redução da jornada de salário. Esse período de salários com desconto também vai acabar, e muitas empresas vão demitir em massa.

O cenário pós-eleição é de uma tempestade: preços alimentos subindo, fim do Auxílio Emergencial e mais desemprego. Isso num cenário no qual muita finge que a pandemia de Covid-19 acabou, mas ela continua matando 20 mil pessoas por mês.

O dinheiro que o governo jogou na economia neste ano impediu o Brasil de afundar numa crise histórica. O Auxílio Emergencial salvou milhões de famílias da fome e empresas da falência. Mas é como se fosse um analgésico poderoso que tirasse a dor, mas não combatesse a causa do sofrimento. Quando o efeito da droga acabar, a dor da recessão, da inflação de alimentos, da falta de emprego, da desconfiança dos investidores e das mortes Covid-19 volta para cobrar seu preço.

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