Paulo Guedes costuma dizer que o sistema tributário brasileiro é um “manicômio”. Tem razão: o Banco Mundial considera que, num ranking de 190 países, o Brasil está em 184º lugar.
Guedes acha que temos tributos demais. Tem razão. Sua sugestão? Criar um novo tributo, a CPMF.
Guedes afirma que a carga tributária é excessivamente alta. Tem razão. Mas sua proposta de unificar PIS e COFINS representa um aumento de impostos. E a CPMF aumentará a carga tributária — Guedes diz que isso será compensado pela desoneração da folha de pagamento das empresas, mas não diz quando isso acontecerá, nem quanto representará.
Guedes considera que a tributação brasileira é regressiva, incide principalmente sobre os pobres. Tem razão: a tributação sobre o consumo, da qual os pobres não conseguem fugir, é excessiva. Mas Guedes nada propõe para reduzir a tributação sobre o consumo, e a CPMF é um tributo fortemente regressivo. E propõe desonerar a folha em itens que beneficiam os pobres.
Guedes e sua equipe são os únicos a defender a CPMF. Na novela “O Alienista”, de Machado de Assis, o psiquiatra Simão Bacamarte, após diagnosticar a todos como doidos, dá-se conta de que não é possível que todo mundo seja louco e só ele próprio, lúcido. E interna-se a si mesmo.