Quem vai lucrar com o novo Minha Casa, Minha Vida de Lula
Empresa líder na captação de recursos do programa acaba de lançar mega-empreendimento de 3 bilhões de reais em São Paulo
Companhia familiar focada em empreendimentos econômicos, tendo Rubens Menin Teixeira de Souza como sócio majoritário, a MRV lidera o ranking de faturamento no país graças a sua expertise junto ao Minha Casa Minha Vida. Pouca empresas conhecem tanto esse público quanto a MRV. Agora, a empresa tem uma posição privilegiada para abocanhar uma parte substancial do bolo da nova versão do programa habitacional do governo federal. Segundo estimativas da própria MRV, o objetivo é ficar com aproximadamente 10% do marketshare por ano do projeto.
Um exemplo disso é o empreendimento lançado no começo deste mês na Zona Oeste de São Paulo, com promessa de entrega de 11 000 unidades do condomínio Cidade Sete Sóis em um investimento de 3 bilhões de reais. Ele está 100% enquadrado no novo Minha Casa Minha Vida, é voltado a famílias com renda a partir de 3 000 reais, terá unidades residenciais de aproximadamente 50 metros quadrados e foi lançado dentro do conceito de cidade-inteligente. Ou seja, além dos apartamentos, vai oferecer dentro do mesmo terreno uma série de serviços, bolsões de comércio e várias opções de lazer.
Na prática, é como se fosse um novo bairro, inclusive pelo tamanho do empreendimento, que tem 1.7 milhão de metros quadrados. Em termos de comparação, é quase o mesmo tamanho do Parque Ibirapuera na capital paulista. O Cidade Sete Sóis promete abrigar mais de 30 mil moradores em até uma década no bairro de Pirituba.
Para esse empreendimento nascer, a MRV precisou se alinhar ao poder público, doando uma parte bem grande, de 1 milhão de metros quadrados para a prefeitura, além de se comprometer a preservar o meio ambiente e de construir 15 km de novas vias para dar espaço a todo o trânsito e interferência no local que essa obra irá provocar.
Além de ser um marco importante para a empresa, dentro do objetivo de ampliar a presença de seus negócios em São Paulo, o empreendimento é relevante para a economia local e até mesmo do país. Investir e desenvolver um empreendimento desse porte é uma decisão que poucas empresas conseguiriam tomar, pois envolve não apenas um aporte financeiro enorme, mas também um planejamento a longo prazo robusto, principalmente quando o foco é o mercado econômico, que está muito mais suscetível às variações da moeda brasileira.
O Brasil só tende a ganhar com esse tipo de empreendimento, pois ele ajuda a reduzir o grande problema de falta de moradias no país. Segundo uma pesquisa da Fundação Getúlio Vargas, o déficit habitacional brasileiro é de 5,8 milhões de famílias, o que representa um índice de 9,3% de famílias que não têm onde morar ou vivem em condições inadequadas. Os dados foram obtidos com base no PNAD (Pesquisa Nacional por Amostra de Domicílios) 2009, feito pelo IBGE.
Em 1979, quando a incorporadora MRV foi fundada em Minas Gerais, seus sócios não imaginavam que, quase 45 anos depois, iam ser destaque no noticiário do país por estarem liderando a construção de casas populares financiadas pelo sistema habitacional. Tudo indica que São Paulo não será a única cidade a se beneficiar com um projeto desse porte. A empresa tem planos de lançar condomínios-inteligentes como a Cidade dos Sóis em breve nas capitais Salvador e Rio de Janeiro.