
A dinâmica das grandes cidades tem exigido cada vez mais soluções práticas e flexíveis quando se trata de moradia e de organização pessoal. Em meio a mudanças de residência, reformas inesperadas, longas viagens ou mesmo à crescente tendência de viver em espaços menores, escolha normalmente imposta pelo crescente valor dos aluguéis no país, surge uma demanda silenciosa, porém expressiva: o armazenamento temporário de bens pessoais e comerciais. É nesse cenário que o modelo de negócios conhecido como self storage, ou simplesmente, espaços de depósito, tem ganhado força e se consolidado como uma solução moderna e eficaz.
O conceito é simples: o cliente aluga um box ou unidade privativa e segura, em um ambiente limpo e acessível, para guardar desde móveis e eletrodomésticos até documentos, estoques e mercadorias. Esse serviço atende tanto pessoas físicas quanto empresas que buscam desafogar seus espaços e manter seus pertences organizados sem o custo de áreas maiores ou reformas estruturais, uma realidade que se tornou bastante comum, após a pandemia, quando muitas empresas reduziram seus espaços físicos.
Embora seja um modelo consolidado em países como Estados Unidos e Reino Unido, o mercado brasileiro de self storage demorou a ganhar corpo. Agora, tem crescido significativamente nos últimos anos. Dados da Associação Brasileira de Self Storage (ASBRASS) mostram que o número de boxes disponíveis no Brasil cresceu 13% em relação a 2023, atingindo 219.535 unidades. O total de operações subiu de 561 para 587 em 108 cidades do país, com destaque para as regiões Sudeste e Sul — especialmente São Paulo, Rio de Janeiro, Belo Horizonte, Curitiba e Porto Alegre.
Para investidores, o setor de self storage tem se mostrado promissor. Trata-se de um negócio com custos operacionais relativamente baixos, demanda constante e baixa inadimplência. A natureza do serviço — onde o espaço é alugado, mas o cliente é responsável pelos bens armazenados — reduz a complexidade da gestão e os riscos envolvidos.
Para os clientes usuários, os custos podem ser bem atrativos. Depósitos maiores, como aqueles que podem guardar o conteúdo de uma casa inteira (15 a 30 m² ou mais), tendem a ser mais caros, com preços que podem variar de R$ 600 a R$ 1500 ou mais por mês. Depósitos menores, como os de 5m², podem custar em média R$ 550 mensais.
Os contratos se assemelham aos de locação de bens imóveis, mas com algumas especificidades. Em geral, tratam-se de contratos de prestação de serviço de guarda — e não de locação tradicional —, o que confere ao prestador maior agilidade em casos de inadimplência, como a possibilidade de retenção dos bens armazenados até o pagamento do débito, mediante previsão contratual. Esses contratos costumam prever prazo flexível, com renovação automática, reajuste periódico de valores (geralmente anual), proibição de armazenar itens perigosos, perecíveis ou ilegais e cobrança adicional por serviços extras (como seguro, vigilância estendida, acesso 24h etc.). É importante que os contratos sejam bem redigidos e alinhados à legislação consumerista, principalmente no que diz respeito à transparência das cláusulas, segurança dos dados e política de cancelamento.
O self storage representa muito mais do que um espaço para guardar objetos. Ele acompanha uma mudança cultural no modo como as pessoas vivem, consomem e empreendem. Em um mundo onde mobilidade e praticidade são valores centrais, investir nesse modelo de negócio pode ser não apenas lucrativo, mas também alinhado com as transformações sociais em curso.
Com gestão eficiente, boa localização e estrutura adequada, esse mercado tem tudo para continuar crescendo e se firmar como um dos segmentos mais estáveis e versáteis do mercado imobiliário para quem tem um espaço e queria dar um novo significado, sem todo o trabalho de incorporação e construção.