Urge a Lula o anúncio imediato de suas diretrizes econômicas
É imperioso que, vitorioso neste domingo, 30, Lula anuncie o mais rápido possível seu ministro da Fazenda
Eleito presidente em uma disputa acirrada votos ante o atual mandatário Jair Bolsonaro (PL), Luiz Inácio Lula da Silva (PT) terá uma árdua missão de reconstrução das contas públicas e da confiança perante o mercado internacional. Em uma eleição marcada pela nulidade do debate eleitoral no campo econômico, Lula terceirizou ao apoio de economistas célebres à sua candidatura a garantia de uma ensejada austeridade com a gestão das finanças do país. Coube ao apoio dos ex-presidentes do Banco Central (BC) Henrique Meirelles, Arminio Fraga e Persio Arida, além dos ex-ministros Pedro Malan e Edmar Bacha — além, claro, do vice Geraldo Alckmin (PSB) — a esperança de um governo responsável e reformista. Mas não é o bastante. É imperioso que, vitorioso neste domingo, 30, Lula anuncie o mais rápido possível seu ministro da Fazenda — ou Economia — para um Brasil dividido e com pressa.
O documento em que rascunha o compromisso com a questão fiscal aborda as diretrizes de forma vaga, depois de acenos verbais e políticos sem a clareza com as quais a deterioração das contas públicas nos últimos meses por parte do governo de Bolsonaro urge. O ano que vem implica no retorno da inflação às primeiras páginas dos jornais e nas prateleiras dos supermercados e tabelas de preços expostos nos postos de gasolina. Se seguir a lógica e a própria experiência, Lula repetirá a lógica meritocrática utilizada em 2002, depois de ganhar a eleição, quando elevou Antonio Palocci e Henrique Meirelles aos postos mais importantes para a gestão econômica do país.
Mas nem tudo tem de se desfazer. É urgente que Lula dê vazão a uma reforma tributária e comprometa-se a, se revisar a reforma trabalhista de Michel Temer (MDB), não consolidar retrocessos em relação ao ambiente de negócios do país. Mesmo tendo sido catastrófico, o governo de Jair Bolsonaro representou avanços no ambiente de negócios internos do país, com microrreformas que trouxeram segurança jurídica para a atração de investimentos — mesmo que, paradoxalmente, os arroubos autoritários do presidente derrotado nas urnas os afastassem. Num ambiente de maior penetração internacional, urge a Lula a missão mais fácil e óbvia: os acenos a uma política ambiental coerente com os novos anseios do mercado e a recolocação do Brasil como porto seguro de investimentos e parcerias. Lula tem a oportunidade de ouro de preencher seu cheque em branco no campo econômico com a assinatura de alguém que almeja a reconstrução de um país.
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