Relatório põe o Brasil entre os países mais complexos para fazer negócios
Classificado em primeiro lugar em 2022, o país melhorou sua posição, mas continua entre as 10 regiões mais complexas

O Brasil, que já foi a jurisdição mais complexa do mundo para se fazer negócios, passou por uma mudança significativa. De acordo com a 12ª edição do Índice Global de Complexidade de Negócios (GBCI) da TMF Group, o país passou do primeiro lugar em 2022 para o sexto lugar em 2025. “A reforma regulatória, a digitalização de processos e a crescente adoção de tecnologia estão contribuindo para um ambiente de negócios mais ágil, mas não são os únicos requisitos”, diz Mauricio Catâneo, Country Head da TMF Group no Brasil.
O GBCI examina os ambientes de negócios em 79 jurisdições, que representam 94% do Produto Interno Bruto (PIB) global e 95% do Investimento Estrangeiro Direto (IED) líquido, utilizando 292 indicadores que abrangem conformidade fiscal, regulamentações de recursos humanos, padrões contábeis, entre outros.
No Brasil, a complexidade ainda existe, principalmente em áreas relacionadas à conformidade contábil e tributária (A&T, sigla em inglês). “Apesar dos avanços, a sobreposição dos sistemas tributários federal, estadual e municipal continua sendo onerosa, especialmente quando integrada às normas contábeis internacionais como as IFRS e os US GAAP, e o debate em curso sobre a reforma tributária adiciona ainda mais incertezas”, diz Catâneo.
No entanto, o Brasil alcançou avanços significativos, segundo o estudo da TMF Group, com investimentos governamentais em infraestrutura, no valor de mais de 2 trilhões de reais, com o objetivo de otimizar os corredores comerciais por meio de melhorias em rodovias, portos, aeroportos e ferrovias.
A tecnologia é um importante facilitador da mudança, e o monitoramento de transações em tempo real, os sistemas de relatórios eletrônicos e as ferramentas de compliance automatizado estão ajudando as empresas a potencializar as operações e mitigar riscos. Ainda assim, a integração dessas ferramentas também introduz novas complexidades na conciliação, na transparência e na supervisão regulatória.
O mercado de trabalho se adaptou rapidamente aos novos formatos. Particularmente em centros urbanos como São Paulo, o modelo híbrido se tornou norma nos setores de serviços. Embora a inflação salarial e a retenção de talentos continuem sendo desafios, as empresas estão respondendo com acordos de trabalho mais flexíveis e estratégias de contratação remota.
A gestão da cadeia de suprimentos é outra área em que o Brasil está avançando e as empresas estão utilizando ferramentas digitais para monitorar a logística, rastrear mercadorias em trânsito e otimizar rotas, minimizando perdas e aumentando a eficiência. Essa tendência reflete um padrão global, à medida que as empresas buscam resiliência por meio da diversificação e da adoção de tecnologia.
A lista das 10 jurisdições mais complexas deste ano inclui Grécia, França, México, Turquia, Colômbia, Brasil, Itália, Bolívia, Cazaquistão e China, enquanto as menos complexas são as Ilhas Cayman, Dinamarca, Nova Zelândia, Hong Kong, Jersey, Holanda, Jamaica, Ilhas Virgens Britânicas, Curaçao e República Tcheca.