Quem são Cleber Fernandes e Sueli Ferretti citados por Renan na CPI
Os dois são figurinhas fáceis em registros de empresas na Junta Comercial de São Paulo

O senador Renan Calheiros, relator da CPI da Covid, perguntou nesta quarta-feira, 30, ao empresário Carlos Wizard, se ele conhecia Sueli Ferretti e Cleber Faria Fernandes e se Sueli é quem teria lhe apresentado Francisco Emerson Maximiano. No seu direito de permanecer em silêncio, Wizard não respondeu. Maximiano é o sócio e presidente da Precisa Medicamentos, a empresa que fechou um contrato de 1,6 bilhão de reais para a venda da vacina indiana Covaxin e pivô de um suposto esquema de corrupção no Ministério da Saúde. A ligação entre os três é o nome de Sueli Ferretti. Ela foi sócia da 6M Participações, uma outra empresa de Maximiano, e também sócia das empresas Editora Ensino Profissional e Topper, que tem entre os sócios Carlos Wizard.
Os nomes de Cleber e Sueli são muito recorrentes na Junta Comercial de São Paulo, aparecem como sócios em centenas de empresas geralmente com nomes de apenas três letras maiúsculas seguidas de SPE, em referência à Sociedade de Propósito Específico. Os registros da bolsa de valores de São Paulo, na Junta Comercial, por exemplo, mostram como sócios originais justamente Cleber e Sueli que criaram a T.U.T.S.P.E e que hoje aparece na busca da Junta como B3. Diversas empresas de participações de grandes instituições financeiras também têm como sócios originais Cleber e Sueli.
Os dois são associados de um escritório de advocacia chamado Pinheiro & Associados, que segundo seu principal sócio vende empresas de prateleira, todas com o mesmo endereço no bairro dos Jardins, em São Paulo, onde fica o escritório. Renato Pinheiro ficou surpreso de os dois terem sido citados na CPI. Ele explica que, por conta da burocracia de se abrir empresas no Brasil, o escritório tem diversas sociedades de propósitos específicos prontas, com capital de apenas 500 reais, e que rapidamente podem ser transferidas para novos sócios. Desde 1998, o escritório oferece o serviço e diz que já vendeu centenas de empresas. Quase todas com os nomes de Sueli ou Cleber, ou os dois, como sócios originais. Depois que a empresa é vendida, eles deixam a sociedade.
Como a própria investigação de Renan mostra, os dois deixaram as sociedades tanto da 6M como das empresas de Wizard. Em alguns poucos casos, no entanto, eles permanecem como sócios e até atuam como conselheiros e já foram acusados pela Laep, ex-Parmalat, como sendo laranjas. Processo que não prosperou.
No escritório de Pinheiro, quem atende o telefone é o Cleber, mas ele imediatamente passa o telefone do advogado para dar qualquer esclarecimento. Pinheiro diz que normalmente seus clientes são as grandes bancas de advocacia e não diretamente as empresas.