O ponto em comum entre crises de Americanas, Marisa e Light
VEJA Mercado: gigantes do mercado brasileiro entraram em processos de reestruturação
Americanas, Marisa e Light. Três gigantes do mercado brasileiro que estão em crise. A primeira entrou em recuperação judicial em razão da descoberta repentina de quase 50 bilhões de reais em dívidas. As outras duas não entraram com o mesmo recurso, mas já informaram aos seus acionistas que organizam uma reestruturação e que contrataram bancos e escritórios de advocacia para renegociarem suas dívidas. A Light tem dívidas de 3 bilhões de reais a vencerem até 2024, enquanto a Marisa possui débitos na casa dos 600 milhões de reais. Alguns analistas apontam que a alta alavancagem das operações é o ponto em comum entre as três crises. Em outras palavras, são companhias que contam com capital de terceiros para crescer, seja por meio de empréstimos ou de aportes, e que foram fortemente atingidas pelos aumentos nas taxas de juros do país. Juros mais altos deixam essas operações mais onerosas para as companhias, e aumentam suas dívidas.
“Sem dúvida, o elo em comum entre essas empresas – e possivelmente as que ainda virão – é que entraram em um cenário de aperto monetário com uma alavancagem financeira desequilibrada. Isso pegou de surpresa muitas empresas, sejam aquelas que estavam em crescimento, como a Americanas, sejam aquelas que estavam com problemas operacionais, como a Light e a Marisa”, avalia José Eduardo Daronco, analista da Suno Research. “A expectativa é que os juros permaneçam altos durante todo 2023, o que provavelmente forçará muitas empresas a fazerem reestruturações, fechando lojas e demitindo funcionários”, conclui. As últimas edições do Boletim Focus têm projetado um aumento nas estimativas de inflação e de taxa Selic para os próximos anos.