O mais novo capítulo da briga do dono da Itaipava pelo controle da Imcopa
Decisão do TRF-1 causa reviravolta no caso

Não acabou. A disputa pelo controle da Imcopa, produtora de derivados de soja sediada no Paraná, ainda vai longe. De um lado, o empresário Walter Faria, dono do Grupo Petrópolis, da cerveja Itaipava; do outro, a gestora RC2, dos investidores Renato Mazzuchelli e Ruy del Gaiso, antigos parceiros de Faria na recuperação judicial da Imcopa.
Em 2014, a RC2 teria comprado cerca de 3 bilhões de reais em créditos da Imcopa que eram de outros investidores. Anos depois, Faria passou a contestar o negócio. Uma briga nos tribunais se desenrola desde 2018, com o controle da fábrica passando de mãos — ora com Faria, ora com a RC2.
Na sexta-feira, 3, o desembargador federal Ney Bello, do Tribunal Regional Federal da 1ª Região (TRF-1), anulou todas as decisões tomadas no caso pelo juiz federal Itagiba Catta Preta, da 4ª Vara Federal de Brasília, onde corre a disputa. Para Catta Preta, o controle da Imcopa é de Faria. Bello entende diferente. Após recurso, o desembargador devolveu ao controle da gestora os créditos da recuperação. Na prática, isso significa que o controle da fábrica voltou para a R2C.
A gestora alegava que Catta Preta não deveria ter sido o magistrado do caso e só assumiu essa posição graças a uma chicana na distribuição de uma ação movida pelas offshores de Walter Faria na Justiça Federal do Distrito Federal. Faria vai recorrer.
Em nota, o empresário diz que “decisão judicial de março de 2024 apontou a ‘existência de indícios veementes de que os (então) administradores do Grupo Imcopa tenham cometido crimes’, referindo-se aos responsáveis pelas empresas RC2. Ele acusa a gestora de “remessas irregulares de valores ao exterior, apropriação indevida de bens da empresa, prestação de informações falsas e existência de uma administração oculta na empresa”.
Enquanto reclama da decisão do TRF-1, Faria corre o risco de ter que entregar as chaves da fábrica nos próximos dias. A R2C já indicou à Justiça a nova administração para a Imcopa, que será responsável pelo eventual leilão do ativo e pagamento aos credores.
Em 2020, sob administração da R2C, a Bungie arrematou a fábrica por cerca de 1 bilhão de reais, mas o leilão foi cancelado dado o tamanho do imbróglio. A dificuldade adicional agora é reavaliar o ativo. ‘Não sabemos mais quanto vale. A fábrica não está operando e nem o estado de conservação do maquinário’, revela executivo que acompanha o desenrolar da briga.