O maior erro da década da General Atlantic, segundo Martín Escobari
Fundo deixou escapar oportunidade de investimento no Nubank por não acreditar no modelo de negócios do banco

Co-presidente do fundo de private equity General Atlantic, Martín Escobari deu seus dois centavos sobre negócios em entrevista ao podcast Atrás do Retorno. Segundo ele, Mercado Livre, Nubank e XP são os grandes vencedores da internet 1.0, no caso do Meli, e 2.0. “O Mercado Livre começou o marketplace antes de verticalizar. Dominaram esse mercado. Tinham margem e liderança. E só entraram no e-commerce físico, com depósito, quando já tinham escala, margem e market cap. O grande problema desse modelo de negócio é a questão de capital de giro. Amazon, Submarino, Ponto Frio e Magalu começaram no Brasil com baixo lucro bruto. Aqui todo o crescimento é consumido pelo parcelamento sem juros. Ou seja, você tem que pagar para crescer”, disse em entrevista ao podcast Atrás do Retorno.
Já o Nubank foi uma oportunidade perdida por Escobari. Quando teve oportunidade de investir no banco digital, não o fez porque à época o Nubank só tinha cartão de crédito — e não depósito bancário. “Nosso maior erro de investimento dos últimos dez anos na América Latina foi não investir no Nubank. Às vezes somos vítimas da nossa história. No Submarino, eu liderei o projeto de criar o cartão da marca. Em 2003, queríamos criar um cartão digital, com bom atendimento e juros mais justos. Só que era um momento de muita dificuldade de captação. Fizemos em parceria com o BNP Paribas. Cartão é um negócio de capital intensivo em um país de capital escasso. Para financiar o crescimento do Nubank, ele precisaria ter depósitos. Naquele momento, eles não acreditavam nisso. Tínhamos feito pesquisas e, nos mercados emergentes, com exceção da Crefisa, não existia uma entidade de crédito que tinha sobrevivido por mais de dez anos. Nubank seria o primeiro. Claramente, eu estava errado”, disse.