O lamento do presidente da CBL sobre a situação da Livraria Cultura
"Cultura e Saraiva, nos bons tempos, representavam mais de 40% das vendas de livros no Brasil", diz Vitor Tavares
O clima nos corredores das lojas da Livraria Cultura nesta sexta-feira, 10, é apreensivo. Funcionários da principal das duas unidades que restaram da varejista, localizada no Conjunto Nacional, em São Paulo, ocuparam parte do expediente empacotando livros que seriam retirados a pedido das editoras após a decretação de falência da companhia pela Justiça – os exemplares expostos, na maioria dos casos, são consignados. Para o presidente da Câmara Brasileira do Livro, Vitor Tavares, a falência da Cultura é vista como triste em “um país carente de boas livrarias”.
Tavares diz que para os fornecedores o “baque” será pequeno se comparado a Americanas, uma vez que muitas editoras já não forneciam mais para a Cultura, mas que o fechamento da unidade deixará uma ausência para os consumidores. “O baque nesse momento será bem menor ou quase nulo para o setor editorial. Muito menor, por exemplo, que a recente recuperação judicial da Americanas, que pegou a todos de surpresa”, disse. “Quem mais vai sentir serão os clientes e os fornecedores que ainda apostavam na melhoria da Cultura, que foi um modelo gestão de livraria no passado, um exemplo para todos os amantes de livros. Seu fechamento é uma pena, pois fará falta em um país carente de boas e importantes livrarias.”
Em suas contas, as lojas da Cultura e da Saraiva, que também vive a possibilidade iminente de uma falência, representavam, em seus tempos áureos, “mais de 40% das vendas de todo o varejo do livro no Brasil, segundo dados da Câmara Brasileira do Livro”, diz Tavares, que recentemente inaugurou uma unidade da Drummond Livraria, no mesmo Conjunto Nacional.
Fontes ligadas à Cultura afirmam que a empresa tentará reverter a falência em recurso a ser apresentado na próxima segunda-feira. Enquanto isso, a Justiça pode, a qualquer momento, mandar lacrar a fachada de suas unidades.