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O impacto do novo programa de passagens baratas do governo no setor aéreo

Anunciado pelo ministro dos Portos e Aeroportos, Márcio França, o programa deseja incluir estudantes e aposentados na rota das companhias aéreas

Por Felipe Mendes Atualizado em 14 mar 2023, 12h05 - Publicado em 14 mar 2023, 11h52

O ministro dos Portos e Aeroportos, Márcio França, surpreendeu a todos quando anunciou nesta segunda-feira, 13, que o governo irá lançar um programa para impulsionar o setor aéreo no Brasil. A ideia é utilizar os assentos ociosos em voos das três principais companhias aéreas em atuação no país (Azul, Gol e Latam) e ofertá-los a preços populares — de, no máximo, 200 reais por trecho. O intuito seria atingir um público que, hoje, não utiliza o transporte aéreo com frequência: idosos, aposentados e pensionistas do INSS, servidores públicos e estudantes, com teto salarial de 6.800 reais.

A princípio, a medida foi recebida com bons olhos por especialistas do setor, uma vez que o programa, caso seja bem modulado, poderá reduzir os custos das companhias aéreas. “Me parece um bom teste. Pode ser uma boa oportunidade para mais pessoas voarem e também de reduzir os custos das empresas”, afirma o advogado Ricardo Fenelon Jr, ex-diretor da Agência Nacional de Aviação Civil, a Anac. “Como é um movimento limitado, que fala em 5% da capacidade e em baixa temporada, com um mecanismo de consignado, me pareceu uma ideia interessante.”

Para Francisco Lyra, presidente do Instituto Brasileiro de Aviação (IBA), a medida será “inócua” e poderá ocasionar no aumento do preço médio das passagens aéreas. “Eu acho que essa é uma medida inócua. Quem realmente viaja são os empresários e as pessoas que fazem turismo. E no Brasil não existe turismo de aposentado, como existe nos Estados Unidos ou na Europa, onde a renda de aposentadoria é alta. Não existe gordura ou margem sobrando. As empresas estão tentando se recuperar de um prejuízo grande. Ou seja, essa medida pode acabar sobrecarregando o preço de quem viaja no dia a dia”, afirma ele.

Questionada sobre a posição das companhias aéreas nessa discussão, a Associação Brasileira das Empresas Aéreas, a Abear, respondeu que está “acompanhando a proposta do governo para o plano de passagens aéreas e tem se colocado à disposição para contribuir” e que mantêm “diálogo constante com o Ministério de Portos e Aeroportos sobre o cenário do setor aéreo e as possíveis soluções para o crescimento do número de passageiros e destinos atendidos”.

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