O conflito de interesses do presidente do Flamengo em cargo na Petrobras
Se nomeação para presidência do conselho da empresa foi interpretada com normalidade dentro do clube, na estatal é vista com maus olhos
O presidente do Flamengo, Rodolfo Landim, tem, sem dúvida, uma carreira de sucesso e influência no poder. Ex-CEO da OGX e da OSX, de Eike Batista, o executivo fez carreira na Petrobras, onde trabalhou por 26 anos — e para onde volta agora. Landim foi indicado pelo presidente Jair Bolsonaro como presidente do conselho da Petrobras, onde terá a árdua missão de encarar as discussões em torno do aumento do preço dos combustíveis e das críticas vindas do próprio governo em torno da política de preços da Petrobras. Não há previsões no regimento do clube que impeçam o acúmulo de cargos ou nomeação do presidente em cargos públicos. A indicação não causou nenhuma estranheza entre dirigentes do Flamengo — que acompanhavam a aproximação dos presidentes do Flamengo e do Brasil em meio à pandemia —, mas, sim, entre executivos da estatal.
A escolha de Landim não incomodou pelo posto no Flamengo, mas pelo passado do executivo. Nos corredores da empresa, relembra-se a denúncia do Ministério Público Federal pela gestão fraudulenta quando Landim administrativa o fundo de investimento FIP Brasil Petróleo 1, causando, segundo a instituição, um rombo de 100 milhões de reais a fundos como o Funcef, o Previ e o da Petros, de trabalhadores da Petrobras. Chama a atenção entre executivos da empresa a indicação de Landim para o comando do conselho, onde terá que decidir pelo processo em torno da empresa que comanda — motivo de desconfiança entre membros do alto escalão da companhia. Vale lembrar que Landim foi indicado por Dilma Rousseff quando ministra de Minas e Energia de Luiz Inácio Lula da Silva, em 2003, para o cargo de presidente da BR Distribuidora.