Maior investidor-anjo do Brasil aponta rumo das startups com quebra do SVB
João Kepler, CEO da Bossanova Investimentos, retirou cerca de US$ 1 milhão do 'banco das startups' na última semana

Maior anjo-investidor no mercado de startups brasileiro, o empresário João Kepler, CEO da Bossanova Investimentos, afirmou ao Radar Econômico que o colapso do Silicon Valley Bank (SVB) nos Estados Unidos não causará grandes problemas devido à rápida resposta do governo americano. Ele conta que retirou de contas do banco um montante aproximado de 1 milhão de dólares das contas do banco entre a quinta e sexta-feira, dia 10, da última semana, zerando assim sua exposição ao risco no SVB.
“Como no nosso caso os investimentos são em estágio seed (semente), os recursos aportados são pequenos. O impacto do que aconteceu foi maior para as empresas que precisam de muito capital e que têm operações internacionais e movimentam grandes recursos. Essas sim tiveram grandes problemas”, afirma Kepler. “Mas eu não posso dizer que é um problemão. É um impacto que não terá reflexo para os bancos brasileiros e nem para o mercado de startups como um todo. Claro que foi um final de semana complexo, mas eu não posso dizer que acabou o mundo, porque não seria verdade.”
Com mais de 1,7 mil empresas investidas, das quais cerca de 600 nos Estados Unidos, Kepler afirma que o momento de turbulência reforçará a necessidade de um “freio de arrumação” no mercado de startups, com o foco na geração de caixa. “É um freio de arrumação que tem de ser feito. As startups estavam gastando mais do que ganhavam, estavam gastando como se não houvesse amanhã. E não é assim. Tem de ter o pé no chão. Crescer sim, mas sem ser apressado”, afirmou ele. “Com esse susto, elas vão acelerar o ajuste financeiro e a busca pelo fluxo de caixa. E é possível que algumas se aproveitem desse lance para continuar a organização e os ajustes que precisam ser feitos, com possíveis demissões.”